Por Rodolfo Almeida, COO da ViperX, startup do grupo Dfense.
Imagine um cenário onde sua equipe de segurança gasta grande parte do tempo perseguindo falsos alarmes. Essa é a realidade de muitos Centros de Operações de Segurança (SOCs) tradicionais.
A boa notícia é que a Inteligência Artificial (IA) está revolucionando os SOCs, transformando a forma como as empresas se defendem, e o mercado reconhece essa importância: de acordo com a Markets and Markets, o mercado global de IA em cibersegurança deve atingir US$ 60,6 bilhões até 2028, crescendo a uma taxa anual de 21,9%.
Os SOCs impulsionados por IA oferecem uma abordagem dinâmica e proativa à segurança. Enquanto analistas em SOCs convencionais se baseiam em regras fixas, a IA aprende com os dados, adapta-se a novos padrões e identifica ameaças sofisticadas que passariam despercebidas pelos métodos tradicionais.
Em operações de segurança, já se observa uma redução de mais de 80% nos falsos positivos e um tempo de resposta até oito vezes mais rápido, impactando diretamente a continuidade dos negócios.
Transformando a cultura do SOC
Além da eficiência, a IA transforma a cultura do próprio SOC. Ao automatizar tarefas repetitivas, como a triagem de alertas, analistas se dedicam a atividades mais estratégicas: investigações profundas, análises de risco e desenvolvimento de respostas proativas. Isso reduz o burnout das equipes e as empodera, transformando-as de “apagadores de incêndio” em especialistas em segurança.
Um dos maiores benefícios da IA em SOCs é o alinhamento entre segurança e negócios. A IA conecta dados de diferentes áreas da empresa, fornecendo insights valiosos para a gestão de riscos e a tomada de decisões estratégicas.
Com isso, a segurança deixa de ser um setor isolado e se integra à operação como um todo. Por exemplo, ao correlacionar dados de segurança com informações de vendas, a IA pode identificar padrões suspeitos de fraude e proteger a receita da empresa.
Essa integração se reflete em métricas mais robustas. Tempo médio para reconhecimento (MTTA), tempo para contenção (MTTC) e tempo para resolução (MTTR) passam a ser indicadores mais precisos e confiáveis. A taxa de respostas automatizadas e a precisão na identificação de ameaças oferecem uma visão clara da efetividade da operação.
No entanto, a transição para um SOC inteligente ainda enfrenta obstáculos. Segundo o Ponemon Institute, 65% das equipes de segurança têm dificuldades para integrar soluções de IA a sistemas legados, um dos principais entraves à adoção plena da tecnologia.
Além disso, embora o uso de inteligência artificial na cibersegurança esteja em expansão, apenas 18% das equipes afirmam ter implementado essas ferramentas de forma completa, enquanto 53% ainda estão nos estágios iniciais
A chave é começar com projetos-piloto, com escopo bem definido, para demonstrar valor rapidamente e preparar o terreno para uma adoção mais ampla. Os ganhos em visibilidade, padronização e interoperabilidade justificam o investimento.
AI SOC Agents x monitoramento humano
Os AI SOC Agents estão no centro dessa transformação. Esses agentes inteligentes conduzem investigações, sugerem medidas de contenção, reduzem falsos positivos e integram dados de fontes externas, agilizando a tomada de decisão.
Ao detectar uma ameaça, podem automaticamente isolar o sistema, acionar protocolos de resposta e notificar a equipe, tudo em segundos.
Funcionam como analistas experientes, ampliando a capacidade humana com eficiência e escala. Embora não substituam os profissionais, atuam como aliados estratégicos, acelerando respostas, contextualizando alertas e contribuindo para decisões mais assertivas. A junção entre algoritmos inteligentes e conhecimento técnico é o que garante eficiência e escala
O monitoramento humano permanece indispensável. As soluções baseadas em IA precisam ser éticas, confiáveis e transparentes.
Por isso, é essencial manter a governança, rastreabilidade e validação contínua das decisões automatizadas. Em um campo onde a confiança é o bem mais valioso, não existe código que substitua a responsabilidade técnica e moral dos especialistas.
Com 93% dos líderes de segurança prevendo ataques baseados em IA como rotina diária, segundo o Ponemon Institute, a adoção de modelos preditivos, adaptativos e autônomos torna-se mais do que uma tendência, é uma exigência.
A inteligência artificial não representa apenas uma evolução tecnológica, mas sim uma mudança estratégica na forma como protegemos ativos, processos e decisões. Para os SOCs, o futuro já começou, e ele é inteligente.