Por Bruna Puga, advogada e especialista em Direito Empresarial.
A internacionalização de startups brasileiras deixou de ser um movimento isolado e passou a ser uma estratégia recorrente de expansão e consolidação.
Em setores como fintechs, healthtechs, edtechs e empresas de base tecnológica, estabelecer presença no exterior não é mais apenas uma oportunidade. Em muitos casos, é um passo necessário para acessar mercados, investidores e ambientes regulatórios mais favoráveis.
Casos como Nubank, Gympass, Stone e PagSeguro ilustram esse movimento. Mais do que sucesso comercial, essas empresas demonstram que a construção de uma presença global pode ser decisiva para negócios que nascem com DNA de escala.
Segundo levantamento da ApexBrasil em parceria com a Abstartups, mais de 25% das startups brasileiras já consideram a internacionalização em seu planejamento estratégico. Quase 10% já operam com alguma estrutura fora do país, seja por meio de clientes internacionais, presença física ou estrutura jurídica.
Esse processo, ao contrário do que muitos imaginam, não começa com a abertura de uma filial ou o lançamento de um produto no exterior.
Na prática, o ponto de partida costuma ser a entrada de um investidor estrangeiro. E, com ele, surge a exigência de reestruturação jurídica para uma jurisdição mais aderente à tese de investimento, como Estados Unidos ou Reino Unido.
Nesse contexto, estruturas como as Limited Liability Companies (LLCs) ganham protagonismo. Embora semelhantes às sociedades limitadas brasileiras, elas exigem atenção jurídica desde o início: contratos adaptados, análises de impacto tributário, regras de compliance e proteção de dados. Uma escolha mal conduzida pode comprometer não apenas a rodada de investimento, mas toda a operação.
Internacionalizar não é simplesmente traduzir produtos ou replicar modelos. É realinhar cultura, operação, estrutura societária e visão de futuro. Exige entender o ambiente legal de destino, antecipar exigências locais e evitar riscos que, ignorados, podem gerar prejuízos financeiros e estratégicos.
A experiência mostra que o suporte jurídico não deve ser visto como uma etapa final ou um custo extra. Ele faz parte do núcleo estratégico da internacionalização. É esse suporte que viabiliza uma estrutura legal robusta, protege a propriedade intelectual da startup e garante que ela possa crescer globalmente com segurança.
Expandir fronteiras é, sim, uma meta ambiciosa. Mas, com planejamento jurídico adequado, deixa de ser risco e se transforma em uma oportunidade concreta de posicionamento global.