Por André Oliveira, diretor operacional na TLD.
A escassez de profissionais qualificados em tecnologia da informação (TI) é uma realidade preocupante tanto no país quanto no cenário global.
No Brasil, a Brasscom estima que até o fim de 2025 haverá um déficit de aproximadamente 532 mil profissionais em áreas tecnológicas, impulsionado pela transição energética e pela modernização industrial.
Globalmente, a situação é igualmente desafiadora: a IDC projeta que, até 2026, mais de 90% das organizações enfrentarão dificuldades devido à falta de habilidades em TI, resultando em perdas estimadas de US$ 5,5 trilhões em atrasos, problemas de qualidade e perda de receita.
Essa lacuna não apenas limita o crescimento das empresas, mas também compromete a competitividade do Brasil no cenário global. A concentração de talentos na região Sudeste, que abriga 72% dos profissionais de TI, agrava as desigualdades regionais e impede o desenvolvimento tecnológico equilibrado em todo o país.
A transformação digital acelerada, impulsionada por tecnologias emergentes como inteligência artificial (IA), computação em nuvem e cibersegurança, exige uma força de trabalho altamente capacitada e em constante atualização. No entanto, a formação de novos profissionais não acompanha a velocidade da demanda.
Globalmente, a escassez de habilidades em TI é um fenômeno generalizado. Na Alemanha, por exemplo, 86% das empresas relatam dificuldades em recrutar profissionais com as competências necessárias.
Nos Estados Unidos, a indústria de semicondutores enfrenta uma previsão de 146 mil vagas não preenchidas até 2029. Esses dados evidenciam a urgência de estratégias eficazes para formação e retenção de talentos em tecnologia.
A capacitação contínua é essencial para enfrentar esse desafio. Empresas e governos devem investir em programas de treinamento que alinhem as habilidades dos profissionais às demandas do mercado.
Iniciativas como o uso de plataformas de aprendizado online, bootcamps intensivos e parcerias com instituições de ensino podem acelerar a formação de especialistas em áreas críticas como IA, análise de dados e cibersegurança.
A retenção de talentos também é um aspecto crucial. Com a crescente demanda por profissionais de TI, empresas globais oferecem pacotes atrativos para atrair especialistas, o que intensifica a competição por talentos.
Para manter profissionais qualificados, as organizações devem oferecer planos de carreira claros, oportunidades de crescimento e um ambiente de trabalho que valorize a aprendizagem contínua.
Além disso, é fundamental promover a diversidade e inclusão no setor de TI. Programas que incentivem a participação de grupos sub-representados podem ampliar a base de talentos e trazer perspectivas variadas para a inovação tecnológica.
Empresas que adotam práticas inclusivas tendem a ter equipes mais criativas e adaptáveis, características essenciais em um ambiente tecnológico em constante evolução. Iniciativas como o programa “Conecta e Capacita”, do governo federal, visam ampliar a conectividade digital e capacitar populações vulneráveis, especialmente em regiões remotas.
O investimento em capacitação e modernização contínua não é apenas uma necessidade operacional, mas uma estratégia vital para a competitividade e sustentabilidade das organizações.
A escassez de profissionais qualificados em TI é um desafio complexo que requer ações coordenadas entre setor público, privado e instituições de ensino. Aqueles que priorizam o desenvolvimento de suas equipes estarão mais preparados para enfrentar os desafios futuros e aproveitar as oportunidades que a transformação digital oferece.