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Compliance em cloud: a importância da soberania dos dados na era digital

Foto: divulgação.

Por Douglas Cunha, arquiteto de soluções da Zadara.

A adoção da nuvem transformou profundamente a forma como as empresas armazenam e processam dados. No entanto, o avanço também trouxe preocupações crescentes em relação à conformidade regulatória e à soberania dos dados. Em um cenário onde as informações circulam globalmente em tempo real, garantir que os dados estejam sujeitos às leis da jurisdição correta tornou-se imprescindível.

Soberania de dados significa assegurar que os países e as organizações tenham total controle sobre seus dados e possam tomar decisões sobre como esses dados são utilizados e protegidos. Além disso, serve, também, garantir que as informações permaneçam dentro de um país ou região específica, e em conformidade com a legislação local.

Setores como financeiro e público são especialmente impactados por essa exigência.

No Brasil, por exemplo, órgãos governamentais muitas vezes precisam manter dados não apenas em território nacional, mas dentro dos limites de determinados estados. A não conformidade pode acarretar sanções legais, perdas financeiras e danos reputacionais significativos.

A segurança dos dados, bem como a continuidade de negócios são duas outras áreas importantes da soberania de dados. Para garantir a proteção da propriedade intelectual, dados financeiros, pessoais e organizacionais, é essencial controlar o acesso a informações confidenciais.

Além disso, leis regionais podem impor regras sobre privacidade na coleta de dados, reforçando a necessidade de gestão cuidadosa da segurança, acesso e armazenamento. Em relação à continuidade de negócios, o armazenamento de dados em data centers internacionais pode gerar desafios como interrupções no acesso devido a desastres naturais e questões jurisdicionais sobre proteção legal em caso de invasões.

Estratégias de soberania de dados ajudam a garantir que informações permaneçam em regiões específicas, facilitando conectividade rápida em situações extremas e evitando problemas de latência ou conflitos legais.

A nuvem pública, oferecida por grandes players globais, inicialmente parecia atender a essas necessidades. Contudo, os serviços nem sempre garantem a localização precisa da infraestrutura nem o controle total sobre o acesso aos dados.

Segurança é essencial, mas não suficiente: conformidade exige aderência às regras locais sobre onde os dados podem residir e quem pode acessá-los.

Nuvem soberana e integração com ambientes multicloud

É nesse contexto que surge a nuvem soberana, uma solução de infraestrutura dedicada, localizada geograficamente conforme os requisitos do cliente.

Ela garante que dados sensíveis permaneçam dentro das fronteiras regulatórias necessárias, sendo particularmente útil para empresas multinacionais e setores com regulamentações rígidas, como bancos e entidades públicas.

A nuvem soberana é compatível com arquiteturas multicloud. Por meio de tecnologias como o VPSA (Virtual Private Storage Array), é possível interconectar ambientes públicos e privados na mesma região.

Isso permite que dados críticos fiquem armazenados em infraestrutura regulada, enquanto outras cargas de trabalho podem rodar na nuvem pública. A abordagem híbrida oferece o melhor dos dois mundos: escalabilidade com compliance.

Outra alternativa é o modelo de nuvem soberana on-premise as a service, no qual a infraestrutura é instalada dentro do data center do cliente.

Com pagamento por consumo e sem investimento inicial, esse formato combina os benefícios da nuvem com o controle de uma operação local, simplificando a gestão de equipamentos, contratos e ciclos de atualização tecnológica.

Alta disponibilidade e preparação para o futuro

O modelo também favorece estratégias de alta disponibilidade (HA) e recuperação de desastres (DR). Ao utilizar data centers locais ou regionalizados, as empresas reduzem a latência e conseguem replicar dados com mais eficiência, criando soluções robustas para garantir continuidade operacional em caso de falhas.

Para provedores regionais de data centers e telecomunicações, oferecer a plataforma de nuvem soberana com infraestrutura própria é uma vantagem competitiva clara.

A combinação de conectividade de alta performance e proximidade física oferece baixa latência e alta confiabilidade, características essenciais em aplicações críticas.

Boas práticas de segurança continuam fundamentais: desde a criptografia de dados em repouso e em trânsito até a criação de ambientes isolados, como instâncias dedicadas para dados sigilosos. A possibilidade de customização da arquitetura da nuvem soberana permite atender aos mais diversos requisitos de compliance, mesmo os mais específicos.

Com a consolidação do modelo híbrido e a adoção crescente de inteligência artificial, a proximidade dos dados e a conformidade regulatória ganham ainda mais importância.

A nuvem soberana, ao garantir controle, flexibilidade e integração, se posiciona como aliada estratégica para empresas que buscam inovar com segurança em um ambiente digital cada vez mais regulado.

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