A Timelens, empresa de tecnologia e inteligência de dados para negócios, marcas e creators, apresentou um estudo em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) para o Ministério da Educação, que fala sobre a masculinidade tóxica e revelou dados alarmantes sobre o aumento da violência entre jovens.
De acordo com a análise em redes sociais, houve um aumento de 360% na quantidade de posts contendo ameaças a escolas nos últimos quatro anos.
Em 2023, 90% do conteúdo de ódio estava na deep web, mas esse número caiu para 78% em 2025, indicando uma maior circulação desses discursos em ambientes abertos. O que levanta o questionamento: houve, de fato, uma redução no discurso de ódio?
Segundo o MEC, entre 2002 e 2023, 100% dos ataques a escolas no Brasil foram cometidos por agressores do sexo masculino, e o número de ofensas nos últimos dois anos (2022 e 2023) supera os 20 anteriores, com 44,4% ocorrendo apenas em 2023.
Quando o assunto é cyberbullying, meninos e meninas são afetados de maneira semelhante, em que 12% já sofreram algum tipo de ofensa online nos últimos 12 meses.
No entanto, sob outra perspectiva, garotos aparecem mais frequentemente como agentes do problema: 17% agiram de forma ofensiva online, em comparação a 12% das meninas, segundo a pesquisa TIC Kids.
Neste mesmo contexto, a Timelens analisou dados do Google deste ano, que mostram que esse comportamento pode estar ligado a uma crise mais profunda de identidade e pertencimento.
“Quando um menino não se reconhece nos modelos sociais estabelecidos, ele pode passar a se identificar como “incel” (celibatário involuntário), homens que se veem naturalmente como fracassados social e afetivamente. Esse sentimento de exclusão frequentemente encontra eco em jogos, streamings e especialmente em comunidades no Discord (plataforma usada majoritariamente pelo público masculino), onde 16% dos meninos estão presentes diariamente”, explica Renato Dolci, Diretor de Dados e Analytics da Timelens.
Nessas plataformas, segundo o TIC Kids, proliferam comunidades que promovem discursos de ódio, criando um ambiente propício à radicalização silenciosa e contínua.
“Precisamos preparar os meninos para existir no mundo de hoje. Isso exige que pais, educadores e instituições reconheçam a importância de escutar os jovens e construir pontes entre gerações. Quando o sofrimento masculino é negligenciado, abrimos espaço para que o ódio se infiltre. Trabalhar a afetividade dos meninos não é um detalhe, é uma urgência social e deve ser tratada como política pública”.
A série “Adolescência”, lançada recentemente, se tornou um fenômeno global, segundo a Netflix Tudum, alcançou o primeiro lugar em 71 países e acumulou 24 milhões de visualizações em sua primeira semana.
A obra expõe esses temas que antes eram marginalizados nas conversas familiares e escolares, como a solidão masculina, o ressentimento juvenil e a repressão emocional.
“Vimos uma urgência em trazer esses números à tona para convocar a sociedade a refletir sobre como estamos moldando a identidade e o futuro de nossos jovens. A série serve como um espelho social, refletindo a necessidade de um debate aberto sobre masculinidade, vulnerabilidade e a influência do mundo digital, e essa análise reforça essa tese”, finaliza.