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Inadimplência atinge recordes e pede gestão humanizada nos condomínios

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Foto: Priscilla Fiedler

O aperto no orçamento familiar tem levado milhões de brasileiros a estabelecerem uma hierarquia sobre quais contas pagar no fim do mês. As dívidas consideradas básicas, como luz e água, seguem sendo prioridade, enquanto outras, como cartões de crédito, serviços de transporte, limpeza e até as taxas condominiais, têm sido deixadas de lado. O reflexo dessa escolha forçada aparece nas estatísticas mais recentes de inadimplência no país.

Segundo a Serasa Experian, o Brasil registrou, em abril de 2025, 76,6 milhões de consumidores inadimplentes. Isso representa 47,1% da população adulta, com alta de 4,35% em relação ao mesmo mês de 2024. Os serviços não essenciais já representam 11,6% do total de inadimplências no país; no ano passado, a taxa era de 10,9%. Os dados são alarmantes e confirmam a dificuldade de milhões de famílias em manter as contas em dia diante do aumento do custo de vida.

Um reflexo direto dessa situação aparece dentro dos condomínios residenciais. De acordo com o levantamento da uCondo, a inadimplência condominial subiu de 12% no primeiro trimestre de 2024 para 17% no mesmo período deste ano. O endividamento acompanha a alta nas despesas fixas dos condomínios, que passaram de uma taxa média de R$ 493,81 em 2024 para R$ 507,51 em 2025.

Com o agravamento da inadimplência, o problema já foi parar nos tribunais. Só no estado de São Paulo, os protestos por dívidas condominiais mais que dobraram no primeiro trimestre de 2025 em comparação com 2024, saltando de 569 para 1.219 registros. Um aumento expressivo que, quando observado em um intervalo maior, revela uma realidade ainda mais grave: em cinco anos, a alta ultrapassa 700%, segundo o Instituto de Estudos de Protesto de Títulos do Brasil – Seção São Paulo (IEPTB-SP).

A falta de pagamento da taxa condominial compromete a saúde financeira dos edifícios e leva a decisões difíceis, como cortes em manutenção, adiamento de reparos e até suspensão de serviços corriqueiros, como portaria 24h ou limpeza. Em última instância, o aumento da inadimplência costuma ser compensado pelo reajuste das taxas dos moradores adimplentes, o que deixa a situação ainda mais delicada.

É importante reconhecer que, na maioria dos casos, não se trata de irresponsabilidade; há falta de dinheiro. E o constrangimento perante os vizinhos e o síndico faz o inadimplente até adiar uma conversa difícil. Diante desse cenário, ferramentas tecnológicas podem ser aliadas na gestão financeira e na humanização do relacionamento entre gestores e moradores. Aplicativos de gestão condominial, que reúnem histórico de pagamentos, enviam cobranças automáticas e oferecem acordos em um clique, são exemplos práticos de como a tecnologia pode aliviar esse problema.

Essas soluções permitem que o morador inadimplente consulte sua situação sem se expor a terceiros e renegocie dívidas com facilidade. Para os síndicos e administradoras, os apps entregam relatórios financeiros e histórico de cobranças, o que evita confrontos diretos e o desgaste relacional. Mais do que comodidade, esse tipo de recurso dá mais dignidade a quem está enfrentando dificuldade financeira e mostra uma postura sensível, além de mais eficiente, por parte do gestor. Quem diria que a tecnologia poderia humanizar tanto, né?

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Sócio-cofundador da uCondo, empreendedor, investidor, mentor e autor do bestseller “Eu Empreendedor”

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