Trocar de emprego é, para muitos profissionais, sinônimo de avanço na carreira. Mas a realidade nem sempre corresponde às expectativas criadas durante o processo seletivo.
De acordo com pesquisa da Gallup, 24% das pessoas que mudam de trabalho relatam algum nível de arrependimento após a transição.
Para o gestor de carreiras e PhD em Engenharia pela Unicamp, Virgilio Marques dos Santos, sócio-fundador da FM2S Educação e Consultoria, reconhecer esse sentimento e agir de forma estratégica é fundamental para evitar prejuízos na trajetória profissional.
Segundo ele, o arrependimento costuma surgir quando há desalinhamento entre o que foi imaginado e o que se encontra no dia a dia do novo trabalho.
“Pode ser a cultura da empresa, o escopo das atividades ou o relacionamento com a equipe. Sem entender exatamente o que causa a insatisfação, qualquer decisão será um tiro no escuro”.
1. Identifique as causas
O primeiro passo, segundo Santos, é analisar de forma objetiva o que está provocando a frustração. Essa clareza ajuda a entender se o problema é pontual e passível de ajuste ou se é algo estrutural, que tende a se repetir.
2. Converse com a liderança
O especialista destaca que o diálogo franco com gestores ou RH pode abrir espaço para mudanças. Muitas vezes, a liderança desconhece a percepção do colaborador e está disposta a negociar ajustes. Vale tentar antes de pensar em sair.
3. Dê tempo para a adaptação
Toda transição profissional exige um período de ajuste. Em cargos mais complexos, essa curva pode levar meses. Não se deve confundir o desconforto inicial da adaptação com um erro de escolha.
4. Avalie a possibilidade de retorno
Caso a insatisfação persista, considerar voltar ao antigo emprego pode ser uma alternativa. Desde que a saída tenha sido bem conduzida, essa porta pode continuar aberta. E, em alguns casos, voltar não é retrocesso, é estratégia.
5. Planeje o próximo passo
Quando a decisão é seguir adiante, a recomendação é agir de forma planejada: atualizar currículo, ativar contatos e pesquisar melhor as empresas. O importante é não repetir padrões que levaram à frustração. Aprender com o erro é o que transforma a experiência em algo valioso.
Para Santos, a chave está em tratar o arrependimento como um sinal de alerta e não como um fracasso.
“Cada mudança, mesmo que frustrante, traz informações importantes sobre nós mesmos e sobre o mercado. A questão é saber transformar essa experiência em combustível para decisões mais acertadas no futuro”, conclui.