A saúde privada e pública no Brasil coexiste com um dilema histórico: como expandir o acesso, minimizar filas e, ao mesmo tempo, sustentar a viabilidade do sistema. O Programa Agora Tem Especialistas, criado pelo Ministério da Saúde e pela ANS, aponta um caminho inovador ao aproximar o SUS e as operadoras de planos, construindo uma lógica de cooperação que pode ressignificar a forma como o cidadão é atendido.
Essa parceria pretende otimizar recursos, evitar desperdícios e aumentar os tempos de resposta no atendimento. Juntos, é possível atender mais pessoas com maior excelência, fazendo uso da estrutura instalada de maneira mais eficiente. O desafio, claro, está na implementação: unir os interesses, garantir a transparência e manter o foco no bem-estar do paciente são ingredientes decisivos para que essa integração valha a pena.
É aqui que a inteligência artificial entra como uma verdadeira alavanca de mudança. A IA já mostrou seu impacto em setores como financeiro, varejo e indústria, mas a saúde é, sem dúvida, um dos terrenos mais férteis para essa revolução. Processos antes lentos e burocráticos podem ser simplificados, reduzindo custos, eliminando retrabalho e, sobretudo, garantindo mais eficiência.
Na Paipe, tivemos a oportunidade de vivenciar isso na prática com o projeto IARA, desenvolvido em parceria com a ANS. Ele nasceu justamente para apoiar a análise de grandes volumes de informações e agilizar decisões que antes demandavam tempo e equipes inteiras. Esse case mostra que, com a tecnologia no apoio, os profissionais podem voltar sua energia para o que realmente importa, a decisão estratégica e o cuidado com o paciente.
E não para por aí, esse exemplo nos leva a uma reflexão maior. A saúde do futuro não se sustentará apenas com mais recursos financeiros, mas com mais inteligência aplicada. Precisamos pensar em modelos que usem dados de forma integrada, que quebrem barreiras entre sistemas e que enxerguem a tecnologia não como um acessório, mas como parte da espinha dorsal do setor.
É evidente que não se trata apenas de IA ou digitalização. Trata-se de visão de país. O mundo inteiro busca novas formas de equilibrar acesso universal e sustentabilidade, e o Brasil tem a chance de ser pioneiro em soluções híbridas entre o público e o privado. Para isso, será necessário coragem para inovar, disposição para repensar estruturas e abertura para parcerias.
No fim, tudo converge para um mesmo ponto. O cidadão é quem realmente se beneficia quando os processos ficam mais ágeis, os gargalos desaparecem e a tecnologia ajuda a tornar a saúde mais justa e acessível. A integração entre SUS e planos, com o apoio da inteligência artificial, não precisa ser apenas um programa de governo. Ela pode marcar uma verdadeira transformação em todo o setor.