Por Rico Azeredo, head de novos negócios da NürnbergMesse Brasil.
Um setor que não para de crescer. É assim que defino a área de eventos de negócios em todo o mundo. Muito disso porque ela se adapta, muda, aprimora. É só pensarmos nos últimos cinco anos.
Se na pandemia parecia ser o fim, o período pós-Covid se mostrou como um recomeço avassalador. As feiras cresceram não só em tamanho, mas em movimentação. Isso não só no Brasil, mas no mundo todo. Era o desejo reprimido do encontro presencial.
Depois veio a era ESG, que fez com que as marcas olhassem com mais atenção às exposições que estavam mais próximas de seu público-alvo.
Por último, vivenciamos uma crescente turbulência no cenário internacional, marcada por disputas geopolíticas, tensões comerciais e revisões de acordos globais. O que, novamente, deu aos eventos regionais uma força propulsora.
É nesse contexto que o Brasil e especialmente São Paulo se destacam e aparecem como polos estratégicos na América Latina.
Com infraestrutura robusta, fácil acesso, grande mercado consumidor e crescente interesse internacional, o país e a capital paulista têm plenas condições de serem vistos como hub estratégico no continente para encontros de negócios, inovação e networking.
Recentemente, inclusive, anunciamos a vinda da maior feira de energia solar do mundo, realizada originalmente na China, ao Brasil. A edição aqui permite que a cadeia produtiva tanto do país como das nações vizinhas tenha conhecimento das principais novidades e tendências do setor.
E é essa expertise brasileira em fazer e adaptar seus eventos, associada à demanda por encontros de negócios mais “próximos”, que vem levando as feiras nacionais a ganharem “spin-offs” em nações como Chile, Colômbia e Argentina, por exemplo.
Em um movimento que mostra que os eventos regionais, ou mais locais, deixaram de ser apenas soluções alternativas ou plano B das grandes empresas e ganharam uma relevância fundamental para o desenvolvimento econômico tanto do país-sede, como das corporações.
E isso pensando em negócios dos mais variados segmentos, já que só o Brasil reúne feiras importantes de variados setores, do pet ao cosmético, da aviação executiva à decoração & construção. A versatilidade que vemos aqui não é encontrada em qualquer lugar. E a qualidade da entrega desses eventos também não.
Por isso, não digo que não vamos mais olhar ou participar dos eventos que estão longe, reconhecidos mundialmente, mas pondero que é preciso valorizar o que entregamos e como o cenário atual global nos coloca como protagonistas.
Isso não significa abrir mão dos grandes palcos globais, mas sim equilibrar prioridades e reconhecer o valor estratégico das oportunidades que temos por aqui.
Em um momento em que a descentralização dos centros internacionais é inevitável, o Brasil tem a chance, e a responsabilidade, de se firmar como epicentro da inovação, do networking e da geração de negócios na América Latina.