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Com metas claras e governança, é possível tirar a IA do campo das ideias e ter retorno

Foto: divulgação.

Por Alexandre Caramaschi, CMO da Semantix.

Saímos do campo das ideias para o mundo real: é possível, sim, colher ROI (Retorno Sobre o Investimento) robusto com Inteligência Artificial.

A chave é focar nas dores certas e atacar problemas de negócio onde a IA agrega valor claro, seja aumentando receita, reduzindo custo ou mitigando um risco importante. Faço essa afirmação com base na vivência no setor e compartilho alguns exemplos que ilustram isso.

Em uma das maiores empresas de telecom do Brasil, a Semantix implementou uma solução de IA que unificou dados de milhões de clientes em uma plataforma analítica em tempo real. Isso impulsionou recomendações personalizadas e ações proativas de retenção.

O resultado? Clientes mais satisfeitos e fiéis. O NPS saltou cerca de 30% após a iniciativa. Traduzindo: uma melhora expressiva na lealdade do cliente, indicador que se conecta diretamente à redução de churn e aumento de lifetime value.

No varejo, vimos outro caso emblemático. Um cliente com e-commerce e lojas físicas adotou o framework de IA para otimizar preço e sortimento dinamicamente conforme comportamento do consumidor.

Com IA analisando bilhões de dados de vendas e tendências, a empresa conseguiu aumentar margem em categorias-chave e melhorar a experiência do cliente, refletido também em NPS em alta.

Quando o algoritmo acerta na mosca o que cada loja precisa estocar e quais ofertas engajam cada segmento de cliente, as vendas sobem e as quebras caem, ROI direto na veia do negócio.

Já na indústria, um setor muitas vezes visto como tradicional, também temos casos públicos de ROI tangível. Numa gigante de energia e agro que implementou modelos de IA para otimização da cadeia logística de combustíveis e manutenção preditiva em usinas.

Resultado: redução de milhões em custos operacionais ao ano, por meio de rota otimizada de abastecimento e prevenção de falhas em equipamentos críticos. Além do ganho financeiro, há o intangível de segurança operacional e eficiência ambiental (menos viagens desnecessárias significam menos emissões).

Esses exemplos reais mostram que o ROI da IA deixa de ser abstrato quando atacamos problemas reais com soluções sob medida.

Notem um padrão: em todos os casos, houve engajamento estreito entre os times, definindo metas claras e acompanhando métricas de perto. IA não é magia, é execução disciplinada. Quando bem direcionada, entrega um impacto que silencia os céticos. Afinal, números falam mais alto que hype.

É importante frisar que cases de sucesso não acontecem por sorte, mas porque há método e parceria. Cada iniciativa começa com um assessment robusto de dados, ajustes em processos e treinamento das equipes para abraçar a nova tecnologia.

Em suma, surfar junto com o cliente, até que ele pegue a onda sozinho. E isso nos leva a outro ponto crítico: governança e segurança.

Na pressa de capturar valor, muitas empresas esqueceram de colocar o leash (a cordinha de segurança) na prancha da IA. Resultado: alguns quase se afogaram em riscos, vazamento de dados, viés algorítmico, uso indevido de ferramentas generativas, entre outros percalços.

Nós temos sido enfáticos: não dá para escalar IA sem um arcabouço sólido de governança, ética e compliance. Especialmente agora, com regulamentos emergentes, a IA precisa ser tão bem governada quanto as finanças ou a cybersecurity da empresa.

Adotamos na Semantix uma abordagem que chamamos de “AI Governance by Design”. Significa que desde o dia 1 de qualquer projeto de IA, pensamos em segurança, privacidade, transparência e accountability.

Foi nessa visão que nos posicionamos como Trusted AI Advisor do mercado e lançamos o Safetix, nossa solução completa de governança de IA construída sobre a plataforma Semantix AI.

Essa plataforma integra tecnologia e consultoria especializada para garantir que a IA do cliente esteja alinhada a princípios globais e leis locais, sem travar a inovação. Simplificando, é possível inovar em IA com liberdade e controle ao mesmo tempo.

Um componente desse arcabouço é o Lloro, um LLM proprietário da Semantix treinado em regulamentações nacionais e internacionais de IA. Ele atua como um assistente inteligente, esclarecendo dúvidas complexas sobre leis (LGPD, PL 2338, EU AI Act, NIST etc.) e sugerindo medidas para compliance.

Em nossos projetos, o Lloro funciona como aquele farol na costa rochosa: avisa onde estão os riscos e como evitá-los, para que o barco da IA navegue em mar aberto sem encalhar.

Além da tecnologia e consultoria, acredito que parte fundamental de “ensinar a surfar” a onda da IA é educar o ecossistema executivo. IA tem que permear o discurso, a cultura e a estratégia da empresa. Por isso, na Semantix investimos pesado em iniciativas de Go-to-Market (GTM) integradas à educação executiva.

Em reuniões com C-Levels de diferentes empresas para discussões francas sobre desafios reais na adoção de IA, por exemplo, já vimos CEOs consolando-se mutuamente sobre projetos que deram errado e trocando dicas do que funcionou. É aprendizado em sua raiz, de executivo para executivo, mediado por especialistas.

Com capacitação, a ideia é deixar a alta gestão confortável com IA, entendendo possibilidades e limites, para que patrocinem iniciativas com conhecimento de causa.

Temos visto CFOs e CHROs falando a língua da IA e identificando oportunidades que antes nem estavam no radar. Isso, sim, é animador, pois quando a liderança domina o tema, a empresa toda ganha tração.

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