Por Matheus Vasconcelos, cofundador da Conta Comigo Digital.
Pagar contas é um ato básico da vida em sociedade. Água, energia, telefonia, serviços sem os quais não vivemos um dia sequer.
Ainda assim, a experiência de lidar com essas contas continua marcada pela complexidade, pelo excesso de etapas e pela sensação de que o consumidor é quem precisa se adaptar ao sistema, e não o contrário.
A situação fica ainda mais evidente nos números: o SPC Brasil divulgou que quase 72 milhões de brasileiros estão inadimplentes, um recorde histórico.
Esses dados mostram que a complexidade no pagamento de contas não é apenas um inconveniente; ela contribui diretamente para a exclusão financeira e para o aumento da inadimplência.
O resultado é conhecido: custos altos, desperdício de tempo e frustração. Mas, mais do que isso, uma relação de desconfiança entre cidadão e instituição. E eu me pergunto: por que continuamos aceitando que seja assim?
Para mim, a inovação não está apenas em criar novas tecnologias. Ela se revela quando conseguimos eliminar barreiras que não deveriam existir. E não há uma barreira maior do que transformar algo simples, como pagar uma conta, em uma maratona de boletos, prazos e plataformas desconectadas.
O que está em jogo não é apenas eficiência. É propósito. Quando simplificamos o pagamento, reduzimos a inadimplência, devolvemos tempo e damos ao cidadão o controle sobre sua própria vida financeira.
Isso significa mais dignidade, mais confiança e menos desperdício, para todos.
Inovar em setores essenciais, como utilities e impostos básicos como o IPTU, nunca é fácil. Eles são, por natureza, rígidos, avessos à mudança.
Mas é justamente aí que está a oportunidade: provocar a transformação onde ela parece impossível. Porque mudar a forma como pagamos nossas contas é mudar, em alguma medida, a forma como vivemos.
Acredito que o futuro do Brasil não precisa de mais burocracia, mas de soluções que nos devolvam o essencial: simplicidade, confiança, segurança e tempo. Essa é a verdadeira revolução que temos pela frente.