Por Eduardo Gomes, presidente do conselho da Board Academy.
A agenda ESG deixou de ser um diferencial competitivo e se tornou uma exigência estratégica para as empresas nacionais.
Segundo a pesquisa Panorama ESG 2024, da Amcham Brasil, 71% das 687 companhias participantes já estão em fase de implementação de práticas ambientais, sociais e de governança, um avanço de 24 pontos em relação ao ano anterior.
Esse movimento, que envolve desde médias até grandes corporações, reflete a pressão crescente de investidores, consumidores e da sociedade civil por modelos de negócio mais responsáveis e transparentes.
Nesse contexto, os conselhos de administração emergem como atores centrais, responsáveis por definir a estratégia de longo prazo e garantir que fatores socioambientais sejam integrados às decisões corporativas.
Se há dez anos a discussão estava focada no engajamento dos CEOs, hoje o debate subiu de nível: são os conselheiros que detêm a responsabilidade de questionar riscos, aprovar diretrizes e induzir mudanças estruturais.
Além disso, a integração de ESG à governança corporativa não se resume à mitigação de riscos.
Ela abre espaço para oportunidades: acesso a capital mais competitivo, atração de talentos, inovação em produtos e serviços sustentáveis e construção de marcas alinhadas a valores éticos.
Movimentos globais, como a Portfolio Decarbonization Coalition (PDC), já orientam bilhões de dólares em investimentos para empresas capazes de reduzir sua pegada de carbono ou adotar soluções de baixo impacto ambiental.
Para responder a esse cenário, conselhos devem estar preparados para alinhar suas agendas com práticas de transparência, diversidade, inclusão e inovação sustentável.
A COP30, que ocorre em novembro de 2025, em Belém (PA), será um catalisador desse processo. Ao reunir governos, investidores e empresas, a conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU) coloca os conselhos brasileiros diante de uma vitrine global.
Mais do que simbolismo, trata-se de uma oportunidade de mostrar como o país pode liderar a transição para uma economia de baixo carbono, explorando seu potencial energético renovável e sua biodiversidade única.
Para as companhias, isso reforça que o ESG é uma realidade definitiva no mundo dos negócios, cabendo aos conselheiros a responsabilidade de garantir que os compromissos se traduzam em ações mensuráveis.
O futuro das organizações brasileiras passa, portanto, pela capacidade de seus conselhos de integrar ESG ao coração da estratégia.
É essa governança ativa e provocadora que definirá não apenas a longevidade das companhias, mas também sua relevância em um mundo em que responsabilidade ambiental, social e de governança já não são opcionais, mas condições para competir e prosperar.