Por Beatriz Ferrareto, sócia e chefe de desenvolvimento de negócios na WideLabs.
Vivemos em uma sociedade cada vez mais moldada pela tecnologia. Basta lembrar que, há apenas 10 anos, a inteligência artificial não fazia parte da nossa rotina (pelo menos não de maneira super visível como atualmente) e hoje já está ao alcance de todos, influenciando como trabalhamos, consumimos e nos relacionamos.
Segundo um estudo recente da Kantar, os assistentes de inteligência artificial já fazem parte da vida digital de milhões de consumidores em todo o mundo.
O uso da IA se consolidou como prática cotidiana para 76% dos entrevistados, que recorrem a essas ferramentas semanalmente ou diariamente.
Porém, esse comportamento varia de acordo com contextos culturais e geracionais, o que traz desafios e oportunidades para empresas que desejam criar soluções realmente relevantes.
Outro ponto destacado no estudo é o choque de gerações, que não se limita mais ao gosto musical ou roupas, mas também ao uso da IA.
Entre os jovens, 83% da Geração Z e 81% dos Millennials veem a tecnologia como uma grande parceira. Eles utilizam essas ferramentas para apoiar decisões, gerar ideias, planejar viagens, organizar finanças e otimizar o tempo.
Já entre os Boomers, apenas 51% recorrem à IA com regularidade, priorizando a segurança e a proteção de dados. Isso mostra que o mesmo recurso pode ser percebido como liberdade para uns e risco para outros.
Para quem, como eu, nasceu em um mundo já altamente conectado, a chegada da inteligência artificial parece apenas um passo natural da tecnologia.
Crescemos acostumados a experimentar novidades digitais constantemente, das redes sociais aos aplicativos que transformam nossa forma de consumir informação e interagir.
Por isso, vemos a IA menos como uma ameaça e mais como uma extensão dessa jornada, capaz de facilitar decisões e dar mais liberdade no dia a dia.
A quantidade de consumo da tecnologia também varia conforme o país. Em emergentes como Índia (67%), China (50%) e Brasil (46%), o uso é maior que em mercados europeus, como França e Alemanha, que apresentam índices bem mais tímidos, 18% e 14%, respectivamente.
Essas diferenças mostram que a adoção da IA não depende apenas da tecnologia em si, mas do quanto cada cultura enxerga valor em integrá-la à vida cotidiana.
A análise dos dados sugere um caminho claro: o futuro da IA de consumo está na personalização responsável. Isso significa que as soluções precisam equilibrar contexto cultural, faixa etária e expectativas individuais, sem perder de vista como a tecnologia se torna relevante no dia a dia.
Desenvolver apenas tecnologia de ponta não é mais suficiente. É preciso traduzi-la em experiências humanas, criativas e culturalmente significativas, capazes de atingir o público específico para o qual foi criada.
Cada pessoa traz expectativas distintas e é no encontro entre ciência, cultura e empatia que a IA atinge seu verdadeiro potencial.
Mais do que substituir, a inteligência artificial precisa ampliar capacidades humanas e gerar impacto real. Esse equilíbrio entre inovação, empatia e relevância cultural é o que vai definir o futuro da relação entre pessoas e máquinas.