Por Douglas Lopes da Silva, cofundador e CTO da Heronpay.
A transformação digital pode ter sido o ponto de partida da revolução que vivemos nas últimas décadas, mas é a tecnologia, em especial a que impulsiona os meios de pagamento, que vem moldando a próxima fase dessa evolução.
O modo como compramos, vendemos e movimentamos dinheiro mudou radicalmente com o avanço da conectividade, mobilidade e das soluções financeiras integradas ao cotidiano digital.
Hoje, os pagamentos deixaram de ser uma etapa final das transações para se tornarem parte essencial da experiência do usuário.
Plataformas, aplicativos e ecossistemas digitais já nascem com infraestrutura de pagamento embarcada, o que exige que a tecnologia vá além da automação e se torne o elo entre negócios, consumidores e instituições financeiras.
Segundo um relatório da IDC, empresa de consultoria e inteligência de mercado, os investimentos em tecnologia no Brasil devem ultrapassar US$ 65 bilhões até o final de 2025, impulsionados por soluções de inteligência artificial (IA), análise de dados e automação.
Esses recursos não se limitam à eficiência operacional, eles estão transformando a arquitetura dos meios de pagamento, que evoluem para atender demandas de velocidade, segurança e personalização em tempo real.
A evolução acelerada dos meios de pagamento
A jornada dos meios de pagamento é um retrato do avanço tecnológico. Em 2014, dinheiro e cartões representavam 97% das compras em pontos de venda físicos, segundo a WorldPay, plataforma global de processamento e tecnologia de pagamentos.
Em 2024, esse número caiu para 62%, enquanto os pagamentos digitais subiram para 38%, um crescimento exponencial.
No e-commerce, a virada foi ainda mais evidente, 66% das transações já ocorrem em ambientes digitais, e a previsão é que esse número chegue a 79% até 2030.
Esse salto reflete não apenas a adoção de novos hábitos, mas a maturidade tecnológica necessária para sustentar essa operação.
Infraestruturas robustas, APIs abertas, sistemas de autenticação biométrica, blockchain e redes instantâneas como o PIX criaram um ecossistema onde segurança, conectividade e conveniência caminham juntas.
A tecnologia como pilar da inovação financeira
Mais do que ferramentas, as tecnologias de pagamento representam produtos tecnológicos de alta complexidade.
Links de pagamento, carteiras digitais, QR Codes, pagamentos por aproximação e soluções baseadas em embedded finance são exemplos de como o setor de tecnologia assumiu protagonismo na forma como as transações são concebidas, processadas e analisadas.
O desafio está em integrar esses recursos à operação central de cada negócio. A combinação de software convencional com infraestrutura de pagamento moderna gera ganhos de agilidade, inteligência e escalabilidade.
A análise de dados transacionais, por exemplo, se torna um ativo estratégico, já que permite compreender o comportamento do usuário, detectar fraudes e personalizar serviços financeiros sob medida.
No Brasil, esse avanço é ainda mais evidente. O país é reconhecido como um dos líderes mundiais em inovação em meios de pagamento, com soluções amplamente adotadas e reguladas.
Apesar dos desafios de segurança e compliance, as empresas de tecnologia nacionais têm mostrado uma capacidade excepcional de adaptação e resposta.
O futuro da integração entre software e finanças
O próximo passo está na integração profunda entre tecnologia e sistemas financeiros, em que cada produto digital já nasce preparado para realizar e processar pagamentos com segurança, escalabilidade e eficiência.
Nesse cenário, parcerias estratégicas entre desenvolvedores, provedores de infraestrutura e instituições financeiras se tornam essenciais para garantir conformidade regulatória, proteção contra fraudes e tomada de decisão baseada em dados.
Ao elevar o nível de integração entre sistemas de TI e soluções financeiras, empresas ampliam não apenas o desempenho de suas operações, mas também a confiabilidade de todo o ecossistema.
O resultado são transações mais seguras, experiências mais fluidas e negócios mais preparados para crescer em um ambiente cada vez mais digital, onde tecnologia e pagamento se tornam partes inseparáveis do mesmo processo.