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É exaustão ou burnout? O mito do descanso como cura

Foto: divulgação
Foto: divulgação

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o burnout já é reconhecido como um fenômeno ocupacional. No Brasil, pesquisas indicam que três a cada dez profissionais apresentam sintomas de exaustão extrema  e, à medida que o ano termina, esse número tende a aumentar.

Estamos chegando à reta final do ano e, para muitos, à reta final da energia também. O corpo pede pausa, a mente clama por descanso e a agenda insiste em não desacelerar. Entre metas e prazos, surge uma pergunta essencial: o que você sente é apenas cansaço… ou já é burnout?

Muitas vezes, tratamos o descanso como solução mágica. “Tire férias e volte renovado” é o conselho clássico diante do esgotamento.

Mas o descanso, por mais essencial que seja, não corrige os hábitos que criam o burnout. O problema não é a falta de pausas.  É um estilo de vida que negligencia o equilíbrio diário.

Burnout é um estado de exaustão emocional, física e mental causado por um desequilíbrio prolongado entre demandas e recursos. Ele não se resolve com um alívio temporário, porque as condições que o criaram continuam lá quando o descanso acaba.

A verdadeira solução está em criar limites sustentáveis que protejam sua energia ao longo do tempo.

Isso exige uma mudança de mentalidade sobre trabalho, descanso e sobre si mesmo.

Compartilho abaixo os passos que aplico em minha vida e ensino em mentorias para quem deseja reconquistar energia, foco e propósito sem precisar chegar ao limite do esgotamento:

  1. Reavaliar a prioridade do trabalho


Como mãe, empresária e consultora, eu acreditava que entregar tudo ao trabalho era sinônimo de sucesso. Até perceber que sem limites, o esforço deixa de ser força e vira fardo.

Hoje, defino horários claros, respeito meus fins de semana e protejo o tempo em família. As noites que não estou em viagem são dedicadas à minha filha, Lis, momentos que me lembram que sucesso sem presença não tem significado.

  1. Aprender a dizer não


Durante anos, aceitei compromissos que ultrapassavam minha capacidade real. Descobri que dizer “não” não é fechar portas, é proteger sua capacidade de entregar com qualidade onde realmente importa.

  1. Criar rotinas regeneradoras

Depois de quatro anos sem correr, voltei a praticar. Cada treino me lembra que autocuidado é disciplina. O movimento físico devolve clareza mental e melhora minhas decisões.

  1. Mudar a mentalidade sobre produtividade

Estar ocupado não é ser produtivo. Produtividade de verdade é intencional, não frenética. Reservar tempo para o essencial reduz a sensação de estar “sempre correndo”.

Construir limites saudáveis não apenas previne o burnout,  eleva a qualidade de vida e o desempenho.

Quando vivemos de forma equilibrada:

  • A energia se torna mais estável.
  • As relações se fortalecem.
  • A criatividade floresce.

Empresas também colhem esses frutos: líderes equilibrados são mais engajados, resilientes e inovadores.

O burnout não é um colapso repentino, mas o resultado acumulado de uma vida desbalanceada.

Férias e pausas são importantes, mas não bastam se o dia a dia continuar tóxico.

Então, pergunte-se: estou vivendo de forma sustentável ou apenas esperando pela próxima pausa?

As mudanças que fiz não aconteceram da noite para o dia, foram construídas com autoconhecimento, coragem e consistência.

Porque o verdadeiro descanso não está em parar, mas em viver de um jeito que não exija fugir da própria rotina para se recuperar dela.

Estamos quase na reta final do ano. Que tal encerrar também os ciclos de exaustão  e começar o próximo com mais equilíbrio, propósito e presença?

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Consultora empresarial e palestrante, atua na transformação cultural de empresas por meio de programas de felicidade corporativa, segurança psicológica e sustentabilidade humana.

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