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Process Mining: a revolução silenciosa que eleva a eficiência e humaniza o setor hospitalar

Foto: divulgação
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Por Mendel Sanger, CTO do Grupo Vivhas.

Process Mining atua de forma incisiva nos gargalos da gestão hospitalar identificando processos que necessitam de aperfeiçoamento. Das filas no pronto atendimento aos atrasos em cirurgias e exames, a sobrecarga administrativa e a falta de integração entre sistemas reduzem a eficiência e impactam diretamente a experiência do paciente. E foi pensando em maneiras de superar as complexidades presente internamente em cada hospital, Unidades de Saúde, Clínicas e demais instituições, que  a mineração de processos auxilia o gestor.

A metodologia combina ciência de dados e inteligência artificial para analisar os registros digitais já existentes nos sistemas hospitalares. Diferente de métodos tradicionais de mapeamento, o Process Mining pontua o que realmente acontece no dia a dia: atrasos na cobrança de contas dos parceiros,gastos excessivos no uso de materiais ou insumos hospitalares, retrabalhos e desvios que permaneciam invisíveis. O resultado é um espelho fiel do percurso do paciente e da engrenagem administrativa.

No Brasil, hospitais privados pioneiros já utilizam a tecnologia para otimizar a jornada do paciente, reduzindo em até 30% o tempo total de internação. Em contextos públicos, onde a falta de recursos exige transparência e eficiência, o potencial de impacto é ainda maior. Com a análise preditiva, gestores podem prever picos de demanda, redistribuir equipes e até antecipar riscos clínicos associados a tempo de espera ou a falhas em protocolos.

Para ilustrar o impacto do Process Mining, estudos internacionais mostram que hospitais que adotaram a metodologia identificaram oportunidade para economizar milhões em custos operacionais anualmente. Esses resultados evidenciam como a mineração de processos, ao transformar dados em ações, contribui decisivamente para uma saúde mais eficiente e humanizada.

A grande vantagem é que não se trata apenas de cortar custos, mas de recolocar o paciente no centro do cuidado. Ao reduzir gargalos administrativos, médicos e enfermeiros ganham mais tempo para o que realmente importa: a assistência em si. Além disso, a transparência gerada pelo Process Mining pode fortalecer a governança e a confiança dos usuários em um sistema de saúde mais justo e eficiente.

No entanto, o desafio não é apenas tecnológico, mas também cultural. O setor da saúde ainda resiste a mudanças que exigem integração de dados e revisão de práticas estabelecidas. É preciso garantir que a análise de processos esteja alinhada aos princípios éticos, respeitando privacidade e segurança de dados, pontos especialmente sensíveis quando falamos de informações clínicas.

O futuro aponta para uma saúde orientada por dados, onde a inovação digital se torna aliada da humanização. O Process Mining representa um passo decisivo nessa direção: uma lente de aumento que, em vez de expor fragilidades, oferece caminhos para corrigi-las. Em tempos de restrições orçamentárias e de aumento da demanda por atendimento, talvez seja este o “raio-X” que faltava para equilibrar sustentabilidade e excelência em saúde.

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