Por Leandro Beccon, diretor comercial da ColmeIA.
A transformação digital virou um daqueles termos que todo mundo usa, mas pouca gente encara com clareza. Para muitos líderes, ainda é sinônimo de algo complexo, caro e distante.
Há aquela percepção de uma parte do público de que a transformação digital é quase como se fosse um pacote fechado, reservado às grandes corporações com equipes de tecnologia robustas e orçamentos milionários.
Mas essa visão está, no mínimo, ultrapassada.
Digitalizar, no mundo real, tem mais a ver com funcionalidade, agilidade e adaptação à realidade do negócio do que com a adoção desenfreada de tecnologias de última geração.
O segredo está menos em “ser digital” e mais em criar experiências úteis e consistentes, que otimizam processos internos, eliminam burocracias e melhoram a vida do cliente.
A primeira mudança de chave está no entendimento de que transformação digital não é apenas uma questão tecnológica. Ela depende diretamente de três elementos fundamentais: cultura, pessoas e ferramentas.
A tecnologia é o meio, não o fim. Quando esse equilíbrio é respeitado, é possível construir jornadas eficientes, mesmo com soluções simples.
Um bom exemplo é o uso de canais que o público já domina, como o WhatsApp. É ali que estão as conversas cotidianas, os compromissos e, cada vez mais, as relações com marcas e serviços.
Ignorar isso em nome de ferramentas mais sofisticadas, mas menos acessíveis, é perder uma oportunidade de falar a língua do cliente. Em vez de empurrar soluções complexas, o caminho pode estar em integrar o essencial com inteligência.
É nesse ponto que a inteligência artificial, especialmente a IA generativa, tem feito a diferença. Ao contrário dos primeiros chatbots, que respondiam de forma rígida e mecânica, a IA de hoje compreende o contexto, aprende com as interações e responde com fluidez. É aquela que entende o momento, a regionalidade, as particularidades de cada interação.
Isso torna o atendimento mais natural, mais próximo da linguagem humana e, por consequência, mais eficaz. Quando bem aplicada, ela não apenas melhora a experiência do usuário como reduz a sobrecarga operacional e acelera processos.
Um aspecto importante a ser destacado é o uso de plataformas que permitem que empresas implementem a transformação digital em fases, em módulos.
Em vez de grandes revoluções, é possível começar com soluções pontuais e ir ampliando conforme a maturidade digital cresce, respeitando os recursos disponíveis e garantindo uma evolução mais sustentável.
É aqui que entendemos que transformar digitalmente não exige reinventar toda a operação. O que faz diferença é eliminar tarefas manuais repetitivas, centralizar atendimentos, reduzir o tempo de resposta ou automatizar etapas que consomem energia desnecessária. São melhorias simples que geram impacto direto e mensurável.
No entanto, para que tudo isso funcione, é preciso estratégia. Transformação digital feita sem critério pode se tornar um amontoado de tecnologias desconectadas.
Por isso, é essencial mapear bem os processos, entender os pontos de atrito, definir regras de engajamento e testar hipóteses. Seja com testes A/B, indicadores de backlog ou taxas de conversão por canal, o importante é entender que a tecnologia só entrega valor quando está a serviço de um objetivo claro.
Na prática, o que vemos nas empresas que acertam nesse caminho é um movimento de aproximação com o consumidor, não de afastamento.
A digitalização deve facilitar o acesso, não criar novas barreiras. Deve reduzir etapas, não gerar mais complexidade. E deve gerar agilidade, não sobrecarga para os times internos.
É possível, sim, fazer isso com estruturas enxutas. É possível, inclusive, usar IA generativa sem precisar de uma equipe de cientistas de dados ou investimento milionários. O desafio está em escolher bem os parceiros, desenhar bem os fluxos e, sobretudo, manter o foco na experiência.
Falo isso com propriedade porque acompanho esse processo de perto. Atuo no setor há anos e hoje faço parte de uma empresa que desenvolve soluções personalizadas com foco em jornadas digitais mais humanas e acessíveis.
E o que mais vejo é que, quando a tecnologia é usada com propósito, ela deixa de ser um desafio e se torna uma aliada poderosa.
Em vez de buscar o “mais sofisticado”, talvez o melhor caminho seja perguntar: qual é a forma mais simples, rápida e eficaz de resolver o problema do meu cliente?
Se a resposta estiver em uma integração leve, com linguagem natural e plataformas flexíveis, ótimo. É disso que se trata a verdadeira transformação digital: fazer mais com menos, com inteligência e empatia.