Por Alexandro Dias, CEO da ALFA Consultoria.
A Reforma Tributária no Brasil não é apenas uma mudança desafiadora em nossa lei, mas uma oportunidade para o mercado repensar suas operações, assegurando e elevando seus resultados.
No varejo, setor de grande relevância para a economia nacional, essas novidades trarão consigo alguns desafios operacionais e fiscais que já estão sendo motivo de preocupação, porém, que podem ser gerenciados com máxima segurança e eficácia com o apoio de um aliado estratégico e indispensável: a tecnologia.
Segundo dados divulgados pelo Instituto Retail Think Tank Brasil (IRTT), em 2024, as 300 maiores empresas varejistas no Brasil faturaram R$ 1,3 trilhão em vendas, o que evidencia a importância deste segmento para nosso comércio.
Ao mesmo tempo, há um peso nos tributos na cadeia de valor do varejo, o que impacta fortemente essa prosperidade.
Um levantamento do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação), como prova disso, mostrou que a carga tributária embutida no preço final dos produtos pode variar de 67,95% a 142,98% para produtos de fabricação nacional, dependendo da categoria.
Por mais que a Reforma Tributária traga uma promessa positiva de simplificação desses pagamentos, com a introdução do IBS e CBS, as empresas precisarão atualizar seus sistemas de gestão e faturamento para lidar com as novas regras tributárias, garantindo que os créditos tributários sejam aproveitados de forma eficiente, especialmente com a aplicação da não-cumulatividade, o que pode exigir investimentos em tecnologia e treinamento de pessoal que nem todos os varejistas possam ter facilidade em arcar, em termos de tempo e recursos.
A forma como os preços são exibidos ao consumidor, especialmente com a necessidade de mostrar o preço com e sem impostos de forma clara, também pode ser impactada, representando desafios que exigem que os varejistas se planejem e antecipem para minimizar riscos que impactem suas operações. Quanto a isso, a tecnologia desempenha um papel crucial nesta adaptação.
Isso porque, essas ferramentas permitem um controle mais preciso dos créditos fiscais, facilitando o acompanhamento e a compensação de forma eficiente, assegurando a conformidade e produtividade.
Ao investir em sistemas integrados, por exemplo, é possível automatizar o cálculo e a aplicação das novas alíquotas de IBS e CBS, reduzindo o risco de erros manuais e garantindo uma aplicação correta das regras fiscais.
Esses softwares podem ser atualizados rapidamente para refletir mudanças na legislação, garantindo que as empresas estejam sempre em conformidade.
Com esses sistemas de gestão integrados, os varejistas conseguem ter uma visão unificada das operações fiscais, facilitando a auditoria interna e a identificação de possíveis inconsistências que possam levar a penalidades.
Isso, além de terem acesso a relatórios detalhados e análises que ajudam a identificar riscos fiscais e oportunidades de otimização tributária, permitindo uma tomada de decisão mais informada.
Em um setor que lida com uma enorme diversidade de produtos, canais de venda e cadeias de suprimento, as soluções tecnológicas podem unificar e simplificar a gestão tributária de diversas maneiras.
No caso do ERP, a ferramenta tem a capacidade de integrar todas as operações em um único lugar, facilitando a visualização e o controle de todas as etapas da cadeia, além de automatizar o cálculo dos tributos de acordo com a legislação vigente, reduzindo o tempo gasto em tarefas manuais e diminuindo a margem de erro.
Soluções omnichannel permitem, ainda, que informações fiscais sejam harmonizadas entre diferentes canais de venda, garantindo consistência na aplicação de regras fiscais e ganhando, consequentemente, uma maior eficiência operacional.
E, para que tenham uma boa estratégia tecnológica que auxilie nessa adaptação à Reforma, alguns cuidados devem ser seguidos.
É essencial avaliar, primeiramente, as necessidades de cada varejista, identificando quais áreas serão mais impactadas pelas novas regras e quais processos precisam de melhorias tecnológicas.
Isso ajudará não apenas a investir na solução que melhor atenda essas necessidades, como também que todos os sistemas internos sejam devidamente integrados, mantendo atualizações periódicas que garantam essa automatização eficaz e coleta das informações em tempo real.
Realize, também, testes e simulações para identificar possíveis falhas e ajustar conforme necessário, a fim de evitar surpresas quando a nova legislação entrar em vigor.
Treine os times para que saibam manusear essas ferramentas, compreendendo sua importância, e mantenha um monitoramento contínuo dos processos, de forma que estejam sempre em conformidade com as mudanças legais.
Ainda, contar com o apoio de uma consultoria especializada é extremamente estratégico, tendo a expertise desses profissionais em legislação tributária ajudando a interpretar as novas regras do IBS e CBS, como elas impactam especificamente o seu negócio, além de sugerir estratégias personalizadas para otimização tributária, identificando riscos e oportunidades fiscais, e auxiliando na escolha e implementação de sistemas que se integrem aos processos, garantindo que tudo esteja configurado para atender às novas exigências legais.
Começar a se preparar, desde já, para a Reforma Tributária, é crucial para todos os varejistas, de forma que consigam se planejar, com cuidado, aos desafios desta transição, estando preparados para evitar penalidades por desconformidades e assegurando que o varejo passe por esse perído de forma bem-sucedida, se posicionando para aproveitar, ao máximo, as oportunidades que também virão.