A Minha Coleta, greentech focada em soluções ambientais e de logística reversa, acaba de anunciar a captação de R$1 milhão, que será aplicado para sua estruturação e expansão. O aporte reuniu um grupo de investidores capitaneado pela Bossa Invest e Poli Angels.
“A Minha Coleta nasceu no Desafio Empreendedor Universitário SEBRAE e participou do Capital Empreendedor em 2024 para estruturar sua rodada, está em fase final de captação. Por isso, essa rodada de aporte, nesse palco, é muito especial para mim”, destaca Eduardo Nascimento, CEO da startup.
Além do valor, a rodada representa um grande feito para o mercado de greentechs, que sofre com o movimento anti-ESG, capitaneado pelos Estados Unidos. Esse investimento é um sinal claro de que, no Brasil, o setor de sustentabilidade e impacto continua atraindo capital.
O movimento de investimento no país é impulsionado por um mercado de greentechs com potencial robusto. O Brasil, com sua vasta biodiversidade, é um terreno fértil para startups que aliam tecnologia e sustentabilidade para resolver problemas ambientais. O mercado global de investimentos de impacto deve ultrapassar US$ 1 trilhão até 2028, e a atenção a empresas com foco em responsabilidade ambiental, social e de governança (ESG) continua alta, com 78% das greentechs na América Latina localizadas no Brasil.
“De acordo com o Global Impact Investing Network (GIIN), o mercado global de investimentos de impacto ultrapassou a marca de US$ 1 trilhão em 2023, refletindo uma crescente mobilização de capital, apesar da agenda anti-ESG, para iniciativas que aliam retorno financeiro a impacto positivo”, pontua o CEO.
Jornada de superação
A história da captação é marcada por uma jornada do herói, conforme descreve o executivo:
“A empresa superou um período de profunda crise societária que paralisou as operações para novos clientes e fechamento de negócios por cerca de nove meses. Esse imbróglio exigiu que eu retornasse e retomasse a condução da empresa, após a necessidade de limpar um percentual de capital que estava prejudicando a companhia”, conta o empresário que por conta dessa crise perdeu em 2024 um cliente que representava cerca de 40% da operação.
Apesar dos desafios, conseguiu dar a volta por cima. O fundador relata que os investidores devolveram a empresa para que ele fizesse a condução, e a retomada já está sendo traduzida em números expressivos:
“Este ano a gente tinha a ambição de crescer e praticamente dobrar o faturamento do ano passado, e a gente está conquistando isso“.
Crescimento acelerado e próxima meta
A captação é vista como um passo para um objetivo maior. A meta da empresa é crescer 10 vezes no próximo ano, e este aporte é fundamental para estruturar a companhia para atingir esse patamar, permitindo a aceleração do crescimento.
Daniel Coimbra, da Bossa Invest, ressaltou que o investimento foca na capacidade de superação e no modelo de negócio que a Minha Coleta oferece:
“Acreditamos que a digitalização da cadeia de resíduos será inevitável. O país ainda tem mais de 3 mil lixões ativos, baixa padronização e pouca transparência, o que cria um espaço enorme para plataformas que integrem dados, automatizem processos e reduzam custos regulatórios. Soluções como a Minha Coleta ajudam empresas, operadores e cooperativas a operar com eficiência e conformidade, além de viabilizarem mercados ambientais como os créditos de logística reversa. No longo prazo, isso melhora produtividade, incentiva formalização e gera impacto econômico e ambiental relevante“.
A trajetória da startup serve de balizador para o mercado. Em um cenário no qual falta de políticas ESG é um fator para o consumidor brasileiro deixar de apoiar marcas, e a urgência climática exige soluções tecnológicas, a capacidade de uma greentech de atrair investimento, mesmo após turbulências, sinaliza a maturidade e o potencial do setor verde no país.
“Quando iniciei minha jornada de investidor, adotei a tese de investir em iniciativas de impacto social ou ambiental. E é nesse lugar que me conectei com Minha Coleta, por atuar nesses dois pontos, gerando mais renda para os operadores e cooperativas, através do apoio e digitalização destes atores. Potencializando assim, o aumento da taxa de reciclagem brasileira e a melhor distribuição de renda”, destaca Luiz Henrique Rodrigues Silva, que começou como investidor da greentech e hoje é sócio operador.
