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O papel da liderança feminina na transformação digital

Foto: divulgação
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Por Viviane Campos, Head Global de Negócios da Connectly.

Vivemos uma era em que a transformação digital deixou de ser um diferencial competitivo para se tornar uma questão de sobrevivência. Organizações de todos os setores estão repensando seus modelos de negócio, suas operações e, principalmente, a forma como se conectam com clientes e colaboradores. No entanto, há um aspecto que muitas vezes passa despercebido nesse processo: a transformação digital não é apenas tecnológica, ela é, acima de tudo, humana.

É justamente nesse ponto que surge um novo vetor de mudança: a diversidade na liderança. A tecnologia evolui mais rapidamente quando impulsionada por diferentes perspectivas. A presença feminina, com sua capacidade de integrar empatia, colaboração e pensamento analítico, tem se mostrado essencial na construção de soluções mais inclusivas e sustentáveis.

Apesar disso, os números revelam que ainda há um longo caminho a percorrer. De acordo com o estudo Women in Business da Grant Thornton, no setor de tecnologia globalmente, as mulheres ocupam cerca de 32% das posições de liderança. No Brasil, o cenário mostra que em 2024, apenas 37% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres, porém, esse número representa uma queda de 2 pontos percentuais em relação ao ano anterior (39%). Isso mostra que, mesmo diante de avanços sociais e corporativos, ainda enfrentamos barreiras culturais e estruturais que limitam a ascensão feminina a posições estratégicas.

Mulheres que estão abrindo caminhos na tecnologia

Mas há motivos para otimismo. Mulheres como Cíntia Ribeiro, CTO do Bradesco e primeira latina a receber o título de Distinguished Engineer, estão abrindo novos caminhos. Esse título, concedido a poucos profissionais no mundo, reconhece engenheiros e especialistas de tecnologia que atingem o mais alto nível de excelência técnica e impacto estratégico, uma espécie de “C-level técnico” reservado a quem molda a visão e a arquitetura tecnológica de grandes corporações.

No caso de Cíntia, sua liderança em iniciativas de transformação digital baseadas em inteligência artificial e dados não apenas impulsiona a inovação, mas também inspira uma nova geração de líderes. Ela mostra que diversidade não é apenas uma pauta de inclusão, mas um verdadeiro motor de performance.

E os dados no Brasil confirmam que há progresso na participação feminina em cargos de liderança. Outra pesquisa da Grant Thornton mostra que, em 2022, 38% dos cargos de liderança em empresas brasileiras eram ocupados por mulheres, um aumento em relação aos 25% de 2019. Adicionalmente, o IBGC apontou que mulheres representam cerca de 15% dos assentos em conselhos de administração e diretorias nas companhias de capital aberto do país.

Diversidade impulsiona performance

No setor de tecnologia, embora a presença feminina ainda seja limitada, há sinais concretos de avanço. Em 2024, mulheres ocupavam 29% dos cargos de C-suite, um aumento expressivo em relação a anos anteriores, e 7% dessas posições estavam nas mãos de mulheres negras ou de outras etnias. Segundo o relatório Women in the Workplace 2024 (McKinsey & LeanIn.Org), cerca de 48% dos profissionais em funções de entrada são mulheres, mas essa proporção diminui nos níveis de liderança sênior e vice-presidência. Promover a equidade de gênero, portanto, não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma estratégia de inovação e crescimento sustentável.

Podemos pensar nisso como uma orquestra: se todos os músicos forem violinos, o som será bonito, mas limitado. Ao incluir violoncelos, trompas, percussão e flautas, a música ganha profundidade e harmonia. Assim também é a liderança, incorporar diferentes perspectivas amplia o repertório corporativo, fortalece a criatividade e melhora a performance coletiva.

Da inclusão à transformação

Na Connectly, abraçamos esse desafio com propósito. Nosso compromisso vai além de “abrir espaço”: queremos construir um ambiente sustentável, onde todas as pessoas se sintam seguras para contribuir, expressar suas ideias e se desenvolver plenamente. Um lugar que estimula a troca, valoriza diferentes perspectivas e promove a segurança psicológica como base para inovação, colaboração e impacto humano.

Essa é uma agenda que ultrapassa a representatividade. Trata-se de repensar o próprio modelo de liderança que orienta a transformação digital. À medida que a tecnologia redefine a forma como o mundo opera, cresce a necessidade de líderes capazes de unir empatia e eficiência, sensibilidade e estratégia, tecnologia e humanidade. E é justamente nesse equilíbrio que a liderança feminina se destaca ao alinhar inovação com equidade, resultados com propósito e competição com colaboração, ela redefine o que significa liderar na nova economia digital.

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