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Por que os espaços verdes se tornaram essenciais à saúde mental dos estudantes

Foto: divulgação.
Foto: divulgação.

Por Ewerton Camarano, CEO da Uliving.

A vida universitária sempre representou um período de descobertas, amadurecimento e construção de identidade. Mas, nas últimas décadas, o aumento da competitividade, o volume de tarefas e a pressão por desempenho tornaram esse percurso mais desafiador.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, cerca de 35% dos universitários apresentam sintomas de ansiedade ou estresse relacionados à vida acadêmica, um alerta que vai muito além das salas de aula.

O espaço físico em que o estudante vive e aprende passou a ser entendido como parte fundamental desse equilíbrio.

Ambientes que promovem bem-estar, conexão social e contato com a natureza podem atuar como um verdadeiro antídoto para os efeitos do estresse cotidiano.

O poder restaurador da natureza

A presença de áreas verdes nos centros urbanos deixou de ser apenas uma questão estética: tornou-se uma necessidade de saúde pública. Diversos estudos internacionais comprovam o efeito restaurador do contato com a natureza sobre o corpo e a mente.

Pesquisas recentes, como a publicada em 2024 pela BMC Public Health, indicam que estudantes que frequentam espaços verdes regularmente apresentam menores níveis de ansiedade, maior capacidade de concentração e maior sensação de pertencimento.

Essa relação direta entre ambiente e bem-estar tem levado universidades, gestores urbanos e até empreendimentos residenciais a repensarem seus projetos.

Pátios arborizados, jardins integrados e praças compartilhadas passaram a ser vistos como extensões do aprendizado, capazes de proporcionar pausas mentais, estimular a criatividade e favorecer o convívio humano, aspectos frequentemente negligenciados em meio ao ritmo acelerado das grandes cidades.

Convivência como parte do cuidado

Mas o verde, isoladamente, não basta. Para que os estudantes alcancem o equilíbrio emocional, também é necessário que haja convivência.

O convívio em espaços coletivos, sejam eles campi universitários, praças públicas, bibliotecas abertas ou áreas comuns de residências, cria oportunidades para trocas, vínculos e apoio mútuo.

Ambientes que estimulam o relacionamento não apenas combatem o isolamento, mas reforçam a sensação de pertencimento, um dos fatores mais determinantes para a saúde mental dos jovens.

Quando os espaços são pensados para unir pessoas, e não apenas abrigá-las, o cuidado coletivo se torna parte da experiência cotidiana.

E esse movimento vem ganhando força também fora das universidades. Nos grandes centros, cresce a valorização de áreas compartilhadas que aproximam moradores, como parques urbanos, praças de bairro, jardins comunitários e espaços de convivência em novos formatos de moradia.

Modelos contemporâneos de habitação coletiva, como os colivings, surgem nesse contexto como um reflexo natural da busca por experiências mais humanas e equilibradas.

Ao integrar áreas verdes, ambientes comuns e iniciativas de convivência, essas estruturas oferecem um tipo de conforto que vai além do físico, o de estar em comunidade.

O futuro do bem-estar acadêmico e urbano

Em um mundo onde o tempo é escasso e as pressões são crescentes, os espaços verdes e os ambientes coletivos representam mais do que um refúgio: são um instrumento de cuidado.

Promover o convívio e reconectar as pessoas à natureza é também uma forma de educar sobre limites, equilíbrio e pertencimento.

O desafio está em expandir esse olhar para além dos muros das universidades, criando cidades e moradias que contribuam ativamente para a saúde emocional de seus habitantes. Porque, em última instância, estudar, morar e viver bem são dimensões que caminham juntas.

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