Por Daniel Murta, CTO do Looqbox.
Durante o Web Summit Lisboa, uma das palestras que mais chamou atenção foi a “When AI Starts to Decide”, apresentada por Tao Zhang, cofundador da Manus, uma das novas plataformas de agentes de IA capazes de realizar tarefas de forma autônoma.
E o ponto mais interessante da fala de Zhang foi algo simples, mas profundo: a OpenAI constrói o “cérebro”, mas o que realmente transforma o mundo é a “mão”, a capacidade de fazer.
Esse conceito de uma inteligência que não apenas pensa, mas executa define o próximo salto da IA.
Durante anos, nos encantamos com o ChatGPT e ferramentas similares pela sua habilidade de conversar, resumir, corrigir e criar textos.
Mas o verdadeiro poder da IA emerge quando ela passa a agir: montar planilhas, gerar relatórios, cruzar dados, enviar notificações, priorizar tarefas. Ou seja, quando ela sai do campo da ideia e entra no campo da ação.
É exatamente aí que a revolução dos agentes autônomos começa a se conectar com o mundo real das empresas. No Looqbox, vivemos isso todos os dias ao aplicar essa lógica no universo B2B.
Usamos grandes modelos de linguagem, da OpenAI, Anthropic e outros, para que as pessoas nas empresas possam transformar inteligência em ação concreta.
Nossa plataforma não se limita a responder perguntas: ela executa análises, identifica padrões, antecipa decisões e entrega insights na ponta, como se cada colaborador tivesse um analista particular.
Assim como os agentes do Manus, nossos sistemas no Looqbox não dependem de fluxos pré-programados. Em vez de seguir um roteiro fixo, o agente é capaz de planejar e escolher quais ferramentas usar em cada caso, criando um plano dinâmico de execução.
Isso representa uma mudança estrutural: deixamos de treinar máquinas para seguir ordens e passamos a treinar sistemas capazes de decidir como e quando agir.
E o próximo passo dessa evolução já começou: o modo autônomo. Enquanto o ChatGPT e outros modelos operam em modo interativo, respondendo a comandos humanos, a nova fronteira está na IA que age antes de ser acionada.
No caso do Looqbox, isso significa um agente capaz de monitorar indicadores de performance, acompanhar metas, detectar desvios e gerar recomendações automaticamente, sem que ninguém precise perguntar nada.
É a IA que observa, compreende e age, e não apenas responde.
Estamos, portanto, entrando na era em que a inteligência artificial deixa de ser uma ferramenta passiva e se torna um parceiro ativo de decisão. Uma era em que o valor não está apenas em “pensar melhor”, mas em agir mais rápido, com mais precisão e propósito.
No fim das contas, o futuro da IA e das empresas dependerá da capacidade de unir o cérebro e a mão. Ou, em outras palavras: de transformar inteligência em movimento.