Por Antonio Azevedo, fundador da LogiGo.
As ruas estão mudando e não é só por causa do trânsito. A cidade está se tornando um grande ecossistema de telas, e muitas delas agora se movem.
Com o avanço da conectividade e da digitalização da mobilidade, os carros passaram a ser mais do que meio de transporte: tornaram-se veículos de mídia.
Afinal, qual é a única tela que ainda não é monetizada? A do carro. E em uma era em que as telas estão cada vez maiores e mais presentes, dos smartphones às TVs conectadas, não seria um problema que ela reservasse um pequeno espaço para anúncios.
Em poucos anos, a cena se tornou comum: telas dentro de carros de aplicativo exibindo campanhas publicitárias, promoções locais, informações em tempo real.
Do lado de fora, painéis digitais que mudam conforme o trajeto, o horário ou o clima. A publicidade literalmente ganhou movimento e, com ela, um novo mercado começou a se formar.
A monetização dessas telas é o ponto mais interessante dessa revolução. Cada trajeto, cada minuto parado no semáforo, cada percurso em uma área comercial se transforma em oportunidade de exposição.
Para os anunciantes, é uma forma de alcançar pessoas em trânsito, em momentos em que outras mídias dificilmente chegam. Para motoristas e empresas de mobilidade, é uma nova fonte de receita.
E o potencial é gigantesco. Basta observar o tamanho do mercado global de anúncios digitais.
Segundo o balanço da Alphabet, controladora do Google, a empresa registrou uma receita total de US$ 96 bilhões no segundo trimestre de 2025, sendo US$ 54 bilhões provenientes apenas de publicidade em buscas (Google Ads) e US$ 9,7 bilhões do YouTube Ads. Um número que mostra o poder da atenção e dos dados na economia digital.
Agora, imagine quando esse poder se estender às ruas, com dados de localização, contexto e comportamento em tempo real.
Mas o potencial só se concretiza com inteligência de dados. O diferencial da mídia em movimento está em conseguir comprovar alcance, frequência e segmentação. Não basta colocar uma tela no carro: é preciso saber quantas pessoas foram impactadas, onde e em qual contexto.
A integração de dados de geolocalização e rotas permite mensurar com precisão e precificar de forma dinâmica, quanto maior o fluxo, maior o valor da exposição.
Outro fator essencial é a qualidade da experiência. O risco da saturação visual é real, e a publicidade sobre rodas precisa respeitar o espaço urbano. A força deste formato está justamente no equilíbrio: em criar impacto sem poluir, em informar sem invadir.
Quando a mensagem é contextual, por exemplo, um anúncio de restaurante exibido em trajeto próximo ao local, o resultado é positivo para todos: marca, público e cidade.
Ainda é um mercado em formação, mas que cresce rápido. À medida que as frotas se conectam e as plataformas de mídia se sofisticam, o trânsito deixa de ser um simples fluxo de veículos e passa a ser um fluxo de atenção.
Monetizar telas em carros é mais do que explorar um novo suporte publicitário: é redefinir a relação entre mobilidade e comunicação. O carro virou mídia. E, no ritmo das cidades, essa é uma revolução que está só começando.