Por Adriano Guardiano, diretor de marketing e vendas da Mobiis.
A Black Friday é, sem dúvida, o maior teste de eficiência para toda a cadeia logística. Em poucos dias, o volume de pedidos cresce exponencialmente, os prazos ficam mais curtos e a pressão por entregas perfeitas atinge seu auge. Em 2024, por exemplo, o volume de pacotes movimentados durante o período e a Cyber Monday na Europa aumentou 93,7% em relação ao período pré-evento, um retrato claro de como a data transforma completamente a dinâmica operacional das empresas.
Nesse cenário, o sucesso de uma marca não depende apenas de boas promoções, mas de uma operação inteligente, ágil e orientada por dados. A jornada do consumidor, que começa com um clique, só se completa quando o produto chega ao destino. E é nesse intervalo que a logística se torna protagonista. Cada etapa, da roteirização ao transporte, do controle de estoque à entrega final, precisa funcionar com precisão para garantir que o tão esperado unboxing aconteça sem frustrações.
Nos últimos anos, o setor tem passado por uma transformação silenciosa, mas profunda. O foco deixou de ser apenas o transporte de mercadorias e passou a envolver toda a experiência de compra. A entrega não é mais o fim da jornada, mas parte da percepção de valor do cliente. Um pedido entregue dentro do prazo, com transparência e comunicação clara, gera confiança. E confiança é o que fideliza.
Mas garantir essa eficiência em períodos de pico exige planejamento e inteligência. Mesmo com o aumento expressivo de volume, as empresas precisam manter um padrão de qualidade. Em 2024, o tempo médio de entrega na Europa — o chamado transit time — passou de 1,6 para 1,7 dias durante o evento, mostrando que o pico de demanda tem impacto direto na performance operacional. Além disso, a taxa de sucesso na primeira tentativa de entrega caiu levemente, de 95,5% para 95,2%. Pequenas variações que, em escala, representam milhares de consumidores impactados pela diferença entre uma boa e uma má experiência.
A inteligência logística entra justamente para dar suporte a esse novo cenário. Ela permite que as empresas antecipem gargalos, otimizem recursos e tomem decisões mais assertivas em tempo real. Planejamento e previsibilidade se tornam aliados indispensáveis para lidar com picos de demanda, evitar atrasos e reduzir custos operacionais, tudo isso sem comprometer a qualidade da experiência.
Projeções para 2025 apontam que o volume de pedidos processados por operadores logísticos terceirizados (3PLs) deve crescer 18,6% durante a Black Friday. É um aumento que exige, mais do que nunca, estratégias integradas e visão sistêmica de toda a operação.
Mais do que lidar com o aumento do volume de entregas, a missão das empresas durante a Black Friday é manter a excelência operacional. Em um mercado cada vez mais competitivo, o consumidor não compara apenas preços: ele compara experiências. E uma boa experiência de entrega pode ser o fator decisivo entre uma compra única e uma relação de longo prazo com a marca.
Em um cenário onde cada clique importa, a logística se consolida como o elo invisível que conecta expectativa e satisfação. Garantir que o produto chegue onde e quando o cliente espera é mais do que eficiência — é respeito, confiança e reputação. É o que transforma um simples pacote em uma experiência de marca.