Por Emerson Furlaneto, diretor técnico do Instituto Paulista de Excelência da Gestão (IPEG).
A chegada de um novo ano costuma ser tratada nas organizações como marco simbólico para mudanças, com novos projetos, revisões de metas e até reestruturações internas. No entanto, poucos gestores utilizam esse intervalo como uma verdadeira janela estratégica, capaz de reorientar prioridades, revisar modelos de gestão e preparar a organização para um novo ciclo de entregas. É um momento marcado pela desaceleração do mercado e por uma natural redução do volume de demandas, que oferece uma rara oportunidade de olhar para a empresa com distanciamento e clareza, algo praticamente inviável no ritmo intenso dos meses anteriores.
Pensar estrategicamente nesse momento exige mais do que iniciar janeiro com listas de tarefas, requer revisar a estratégia de forma profunda e conectada à essência da organização. O fim do ano é, portanto, o cenário ideal para refletir sobre a coerência entre propósito, posicionamento e prioridades, avaliando o que funcionou, o que perdeu sentido e o que precisa ser criado para sustentar o próximo ciclo. Essa é uma vantagem competitiva que se torna ainda mais poderosa quando apoiada em um sistema de gestão estruturado, abordagem que o IPEG tem incentivado por meio de programas, diagnósticos e metodologias baseadas em modelos de excelência, sendo a própria instituição um exemplo da importância dessa análise estratégica no período de virada.
Durante anos, o IPEG contou com um único grande apoiador, responsável pela maior parte de suas candidaturas e sustentabilidade financeira. Ao longo do planejamento estratégico mais recente, construído nessa época de revisão profunda, o Instituto decidiu promover uma mudança ousada ao diversificar suas candidatas, ampliar sua base de atuação e reduzir a dependência de um único parceiro, decisão que exigiu coragem, disciplina e método, além de revisões, atualizações, aprimoramentos e renovações internas nos produtos, serviços, entregas e processos, por exemplo. O resultado foi um crescimento mais sustentável e alinhado ao propósito da organização de promover gestão de excelência em múltiplos segmentos do estado de São Paulo e do país, ajudando as instituições a transformarem reflexão em ação, intenção em método e planejamento em entregas reais.
Assim como o exemplo demonstra, a virada do ano é também o momento ideal para analisar com profundidade os elementos de governança e processos internos. Modelos de decisão pouco claros, papéis e responsabilidades sobrepostos, fluxos de comunicação deficientes e processos que geram retrabalho ficam mais evidentes quando observados sob a perspectiva de um novo ciclo prestes a iniciar. É nesse momento que as organizações conseguem enxergar com nitidez aquilo que precisa ser reestruturado e priorizado, como a cultura organizacional. Valores, comportamentos, práticas de liderança e expectativas sobre as relações de trabalho precisam ser reforçados já no início do ano, momento em que as equipes estão mais receptivas a reorganizar rotinas e ajustar atitudes. Organizações que conseguem alinhar estratégia, processos e cultura ainda na virada reduzem ruídos entre discurso e prática, criando um ambiente mais coerente, saudável e produtivo. Por isso, nas jornadas que conduz, o IPEG enfatiza metodologias capazes de conectar essas dimensões, criando organizações mais integradas e consistentes.
Além disso, a virada do ano é especialmente adequada para modernizar estruturas, atualizar sistemas e revisar inventários de equipamentos, ações que, durante o ano, competem com urgências operacionais e prazos críticos. A pausa natural das festas e recessos cria uma janela segura para implementar ferramentas, revisar infraestrutura digital, substituir máquinas, atualizar servidores ou reorganizar ambientes físicos. Quando executadas nesse período, essas ações reduzem riscos, evitam interrupções indesejadas e contribuem para que a inovação deixe de ser uma resposta reativa e passe a representar longevidade organizacional.
Portanto, o fim do ano não representa apenas o encerramento de um ciclo, mas um momento estratégico que redefine a qualidade da gestão nos meses seguintes. Já o movimento realizado pelo IPEG mostra como planejamento, coragem e método são determinantes para transformar intenções em resultados concretos. Por isso, líderes que aproveitam esse período com seriedade não iniciam o ano apenas com novas metas, mas com mais clareza, estrutura, coerência e capacidade real de entrega.