Pesquisar

6 dicas para se antecipar aos melhores investimentos em 2026

Foto: divulgação.
Foto: divulgação.

O cenário global de investimentos caminha para um 2026 marcado por reabertura gradual de liquidez, maior disciplina em IPOs e M&As e uma reorganização profunda do capital em torno de Inteligência Artificial, infraestrutura crítica e setores com ROI comprovado.

Só no primeiro semestre, o mercado de tecnologia já mostrou sinais claros de concentração: 18 empresas capturaram um terço do capital global, e as mega-rodadas acima de US$500 milhões representaram mais de 30% do total investido. Nesse contexto, antecipar tendências não é mais diferencial: é sobrevivência estratégica.

Segundo Amure Pinho, fundador do Investidores.vc, 2026 não será um ano de apostar em qualquer coisa que tenha ‘AI’ no nome.

Para ele, será um ano de posicionamento estratégico, leitura de ciclos e foco em empresas que convertem inovação em valor econômico real.

“O investidor que quiser performar acima da curva precisa observar infraestrutura, comportamento do capital global e a disciplina de quem está construindo soluções com ROI mensurável”, comenta.

Pensando nisso, ele destaca que 2026 deve ser encarado como um ano de “fundamentos + antecipação”. A seguir, reunimos seis direções essenciais para quem quer iniciar o ano com vantagem competitiva:

1. Identifique onde a IA vira infraestrutura, e não modismo

A primeira dica para quem quer se posicionar bem em 2026 é entender que a Inteligência Artificial deixou de ser um diferencial e passou a ser infraestrutura essencial. Isso significa olhar para empresas que resolvem gargalos estruturais e não para soluções superficiais com IA apenas “de fachada”. Em 2025, a tecnologia já representou cerca de um terço do venture capital global, chegando a 42% nos EUA. No Q2 de 2025, o setor captou US$47,3 bilhões, recorde histórico. Para se antecipar, investidores devem olhar para companhias que tratam IA como infraestrutura: eficiência energética para data centers, motores algorítmicos verticais, plataformas de dados corporativos e aplicações com impacto direto em produtividade. São ativos que tendem a receber capital mesmo em ciclos de restrição, e que estarão no centro da disputa global por talento e poder computacional.

2. Busque teses que se beneficiam da concentração de capital

Com a hiperconcentração de recursos, investidores pequenos e médios precisam repensar estratégias. Em 2026, não há espaço para “espalhar fichas”: é preciso identificar setores onde a concentração cria oportunidades.

Quando o capital se acumula em poucos vencedores, duas situações acontecem:

  1. nichos em volta dos gigantes ficam subexplorados;
  2. corporações começam a adquirir startups que resolvem fragmentos críticos da cadeia.

Investidores que entenderem esses “perímetros de oportunidade” conseguem entrar cedo em empresas que serão adquiridas pelos vencedores ou que se beneficiarão do crescimento estrutural desses mercados. Infraestrutura de IA, automação corporativa, cibersegurança, saúde digital e energia inteligente estão entre os setores onde essa dinâmica tende a se intensificar.

3. Aproveite a reabertura disciplinada da janela de IPO/M&A

Embora o ciclo público ainda seja cauteloso, há sinais claros de reabertura, mas com outro padrão:

● foco em lucro
● eficiência operacional
● valuations racionalizados

Para o investidor, isso significa duas coisas:

a) empresas preparadas desde o início para unit economics saudáveis terão prêmios maiores;
b) as saídas serão mais lentas, mas mais sólidas.

Relatórios recentes mostram que o tempo médio até um IPO aumentou devido a juros altos e volatilidade, fazendo com que startups permaneçam privadas por mais tempo, capitalizadas por VCs. Para antecipar bons investimentos em 2026, procure empresas que já nascem com disciplina financeira, e não com promessas abstratas de escala.

4. Entenda onde o Brasil tem gaps e oportunidades em deep tech

O país possui a maior concentração de deep techs da América Latina, mas apenas 7% delas têm financiamento privado. Isso cria um dos maiores gaps de oportunidade da década: projetos tecnicamente robustos, com alta barreira de entrada, baixa competição e enorme potencial de impacto.

Investidores atentos podem encontrar assimetrias valiosas justamente em setores que exigem leitura técnica, como biotecnologia, novos materiais, energia limpa, hardware avançado e soluções industriais baseadas em IA. Embora o risco seja maior, o potencial de multiplicação também é significativamente superior ao de setores saturados.

5. Leia o movimento das big techs, corporações e bancões

Em 2026, corporações terão papel determinante no mercado de inovação. Big Techs estão estruturando programas e fundos dedicados à IA, como iniciativas de aceleração da Google/Accel voltadas para startups globais, além de investimentos bilionários em data centers. Bancões como Goldman Sachs e Morgan Stanley ampliam o acesso de investidores a ativos tecnológicos via M&A, reforçando a integração entre venture capital e mercado financeiro tradicional.

Para o investidor:

● haverá mais concorrência por ativos de qualidade;
● aumentará o volume de saídas corporativas, especialmente para quem entrou cedo;
● teses B2B, infraestrutura e automação terão mais compradores estratégicos do que nunca.

6. Prepare-se para ciclos mais longos, mas mais premiados

2026 marca o início de um ciclo em que liquidez existe, mas a disciplina domina. O investidor que deseja se antecipar precisa trabalhar com horizontes mais longos e selecionar empresas que demonstrem capacidade real de gerar caixa. A recompensa? Valuations mais estáveis, menor risco de repricing e múltiplos maiores no momento da saída.Por fim, empresas que chegam ao mercado com custos controlados, receita previsível e bons indicadores de retenção têm vantagem competitiva, e tendem a ser adquiridas ou listadas com mais facilidade do que aquelas que apostam em crescimento agressivo, porém instável.

Compartilhe

Leia também