Por Bruno Paiuca, fundador e CEO da Opsteam.
Não é novidade que o desenvolvimento de novas tecnologias – e, sobretudo, o avanço da IA – nos últimos anos trouxe uma gama de facilidades para as empresas, principalmente no que diz respeito à otimização e automação de tarefas e processos do dia a dia.
Contudo, a evolução dessas ferramentas exige, paralelamente, um aprimoramento contínuo dos sistemas de Cloud Security, a fim não apenas de mitigar quaisquer riscos relacionados a vazamento de dados e informações sigilosas, mas também para construção e manutenção de reputação.
Nesse contexto, a segurança na nuvem deixa de ser apenas uma linha de defesa técnica para se tornar um pilar central de competitividade empresarial e construção de confiança para com os stakeholders. Dessa forma, organizações que entendem a segurança como um componente do negócio – e não como um custo operacional – tendem a avançar para um nível superior não apenas em relação à sua imagem no mercado, mas também em termos de eficiência e previsibilidade.
Mudança de mentalidade
Em primeiro lugar, é importante destacar que despesas operacionais em cibersegurança precisam estar previstas na estratégia orçamentária das organizações e representam não apenas um diferencial competitivo, mas uma necessidade imposta pelas mudanças estruturais do mercado. Curiosamente, muitas empresas destinam recursos sem hesitar para uma série de seguros tradicionais, como patrimonial, operacional, civil, saúde, frota e responsabilidade, porque entendem que seguro é proteção de valor, não retorno financeiro.
O paradoxo é que, por muitos anos, boards e CIOs trataram a proteção digital como algo opcional, mesmo sendo a área onde o risco é maior, mais rápido e mais destrutivo, o que gerou prejuízos amplos para todo o mercado. Esse comportamento está ficando para trás. A maturidade evoluiu e a segurança digital deixou de disputar orçamento para assumir seu papel de proteger o negócio contra o risco de desaparecer. No cenário atual, a discussão deixou de ser “quanto custa fazer segurança?” e passou a ser “quanto custa não fazer?”.
Segundo a pesquisa “Riscos Cibernéticos — A percepção das lideranças brasileiras e práticas adotadas”, divulgada este ano, por exemplo, 79% dos executivos acreditam que suas empresas estão mais expostas a ataques cibernéticos atualmente, ao passo que 66,5% apontam a cibersegurança entre os cinco maiores riscos corporativos.
Esse contexto é maximizado quando consideramos que a maioria das empresas, hoje, operam em ambientes híbridos ou multiproviders, uma vez que a infraestrutura das organizações em sua grande maioria não se restringem apenas aos Hyperscalers AWS, Google Cloud e Microsoft Azure e precisam de estruturas de segurança para poder abarcar os benefícios e a flexibilidade propiciada pela nuvem.
Levando em consideração esse cenário, percebe-se uma lacuna importante criada quando a velocidade de adoção de tecnologias não acompanha o avanço dos recursos de proteção. Isso aponta para a necessidade de uma mudança real de mentalidade: por muitos anos, a segurança foi tratada como resposta a incidentes ou deixada em segundo plano dentro das organizações, enxergada apenas como mais uma camada de complexidade e burocracia. No entanto, incidentes relevantes — especialmente no setor financeiro — vêm mostrando um novo paradigma. A segurança passa a ser elemento estruturante para a competitividade das empresas na era digital.
Hoje, a capacidade de atribuir proteção a dados, identidades, fluxos e processos se traduz diretamente em confiança e esse aspecto é tão importante e valioso quanto à inovação ou à eficiência operacional. Assim, organizações que investem ativamente em Cloud Security ganham maior capacidade de operar com estabilidade, redução de riscos e com uma governança sólida em seus processos.
E, para além dos riscos que podem ser mitigados, o impacto em termos de reputação pode ser decisivo para o crescimento e manutenção de um negócio. Afinal de contas, vazamento de dados e interrupções de serviços não afetam a operação apenas em termos técnicos, mas corroem a percepção de credibilidade por parte de clientes e consumidores.
Investimentos em segurança e maturidade de mercado
Investir em Cloud Security, no fim das contas, é acompanhar outros movimentos tecnológicos ou, em outras palavras, adquirir maturidade digital. Ambientes seguros permitem ciclos de desenvolvimento mais rápidos, com processos mais confiáveis de automação e integrações menos frágeis ou fragmentadas. Dessa forma, a previsibilidade operacional proporcionada por camadas robustas de segurança tende a reduzir gargalos e retrabalhos, contribuindo para a escalabilidade do negócio.
Além disso, à medida que novas tecnologias – especialmente IA generativa e modelos complexos de linguagem – demandam volumes cada vez maiores de dados (muitos deles sensíveis), a maturidade em termos de segurança se torna uma condição indispensável para qualquer iniciativa em direção à inovação corporativa.
Por último, regulações mais exigentes – como a LGPD e diretrizes internacionais de segurança – ressaltam a importância de práticas estruturadas de controle, que incluem desde modelos baseados em segurança cibernética até o monitoramento contínuo de processos e auditorias recorrentes. São elementos que não só mitigam riscos, mas reduzem custos de conformidade no longo prazo, de modo que as empresas possam operar com mais previsibilidade e agilidade em ambientes complexos e fiscalizados.
Com tudo isso, não é exagero afirmar que o Cloud Security tende a se consolidar como uma das principais fronteiras de competitividade no mercado. Nesse cenário que se desenha, a confiança digital será cada vez mais um fator determinante para o sucesso de empresas em ambientes de negócio dinâmicos, híbridos e acirrados.