Por Felippe Pires, CEO da Louro Tech.
O mercado de assessorias de investimentos atravessa uma fase de mudanças profundas. A expansão acelerada das plataformas independentes levou o setor a um novo patamar, com volumes sob gestão que já alcançam a casa do trilhão. Depois de um período marcado pela ampliação da base de clientes e pela disputa direta com os grandes bancos, o momento atual exige uma postura mais madura, estruturada e orientada à consistência do relacionamento.
À medida que esse ecossistema avança, cresce a necessidade de que empresas e profissionais adotem ferramentas e processos capazes de entregar mais precisão, eficiência e personalização. Esse movimento também se reflete na percepção do investidor brasileiro. Segundo levantamento da PwC, quase 80% dos investidores no país acreditam que as organizações devem ampliar investimentos em três frentes consideradas essenciais: capacitação contínua da equipe, fortalecimento da resiliência diante de crises e adoção em larga escala de soluções de inteligência artificial, prioridades que igualmente se destacam no cenário global.
Esse contexto reforça que a atuação focada exclusivamente na alocação de recursos já não é suficiente. O investidor atual busca acompanhamento mais próximo, clareza nas recomendações e uma visão estratégica que considere tanto o momento de mercado quanto seus objetivos de vida. Para lidar com carteiras diversificadas e perfis distintos, o assessor precisa adotar um modelo mais consultivo, baseado em dados, em informação em tempo real e em processos capazes de sustentar o crescimento sem perda de qualidade.
Nesse ambiente, a tecnologia, especialmente a inteligência artificial, se torna o centro da operação. Soluções bem aplicadas ajudam a organizar informações relevantes, registrar interações com precisão, delegar tarefas de forma estruturada e manter o escritório alinhado às prioridades de cada cliente. Quando integradas ao dia a dia, essas ferramentas ampliam a produtividade, trazem mais clareza ao processo decisório e fortalecem o padrão de atendimento.
Um exemplo claro desse impacto está na gestão consolidada dos vencimentos de carteira. Ao monitorar prazos em diferentes instituições, o assessor pode se antecipar, organizar o fluxo de caixa e propor novas estratégias de alocação no momento ideal. Essa previsibilidade reforça a percepção de valor e contribui para a proteção do portfólio.
Outra frente essencial é a priorização inteligente do atendimento. Sistemas que utilizam critérios como histórico de interações, movimentações recentes, datas importantes e tempo desde o último contato ajudam a definir uma régua de relacionamento mais eficaz. Mesmo com carteiras robustas, torna-se possível garantir conversas oportunas, direcionadas e alinhadas às necessidades reais de cada investidor. Com o suporte da inteligência artificial, esse processo evolui para recomendações personalizadas baseadas em comportamento e preferências.
Esses recursos transformam o atendimento reativo em uma atuação consultiva, permitindo que o profissional antecipe oportunidades, proponha soluções sob medida e conduza discussões mais estratégicas. O resultado é um relacionamento mais sólido, construído sobre previsibilidade, profundidade e eficiência. Essa capacidade deixou de ser diferencial e passou a ser pré-requisito em um mercado cada vez mais sofisticado e orientado por dados.
O setor financeiro caminha rapidamente para um modelo em que a experiência do cliente será um dos principais critérios de avaliação. Entregar consistência, clareza e excelência não é mais opcional, mas uma necessidade para profissionais e instituições que desejam manter relevância.