*Beatriz Nascimento
Dentro do universo corporativo, o protagonismo das chamadas Empresas Juniores (EJs) chama a atenção em diversos aspectos. A data 19 de novembro é o dia em se comemora o Dia do Empreendedorismo Feminino, diante disso, é importante destacar um deles: a formação de ambientes onde a igualdade de gênero já é uma realidade.
Hoje, nas mais de 1.500 empresas juniores existentes no Brasil, 59% dos cargos de liderança estão nas mãos das mulheres. E isso é importante porque as EJs têm um papel fundamental na formação de novos empreendedores e das lideranças do futuro, atuando em todo o país como associações sem fins lucrativos, criadas dentro de uma instituição de ensino superior, nas quais os estudantes têm a oportunidade de criar e executar projetos reais para empresas reais.
Sendo moldadas em ambientes mais abertos à diversidade e à igualdade de gênero, essas novas lideranças tenderão a comandar, no futuro, empresas com esse perfil mais diverso, o que favorece o crescimento e a inovação dentro do mundo empresarial. Atualmente, o Movimento Empresa Júnior (MEJ) é responsável pela formação empreendedora de mais de 30 mil jovens brasileiros por ano, ampliando seu aprendizado durante a graduação universitária. Desse universo de potenciais novos empreendedores, 56% são mulheres, o que reflete a realidade do país em termos demográficos, já que a população feminina representa, hoje, 51,1% do nosso total de habitantes.
O mesmo, no entanto, não acontece ainda em grande parte das corporações brasileiras. Embora haja nas empresas a percepção de que manter um ambiente homogêneo, onde os pensamentos e as ações dos colaboradores seguem uma linha única, não favorece o desenvolvimento e o movimento para a inclusão de mais mulheres em cargos chaves ainda é lento.
Se compararmos com a realidade das instituições em geral, as EJs estão bem à frente em termos de igualdade de oportunidades para homens e mulheres. Como aponta a PNAD Contínua de 2019, realizada pelo IBGE, mesmo sendo maioria no ensino superior as mulheres estão apenas em 37,4% dos cargos de liderança e ganham, em média, 77% do salário dos homens.
Formadas por jovens altamente capacitados e motivados, as empresas juniores oferecem um ambiente propício ao florescimento de novas ideias. E a diversidade de opiniões e experiências entre os jovens é um fator importante para a obtenção de resultados cada vez mais promissores. Basta dizer que, no ano passado, as EJs brasileiras faturaram, juntas, R$ 71 milhões com a realização de projetos, principalmente para micro e pequenas corporações.
Trabalhar para que homens e mulheres tenham oportunidades iguais no mercado de trabalho é um caminho sem volta. E as novas gerações, já imbuídas desse propósito, poderão acelerar esse processo, contribuindo para a construção de um país mais justo e igualitário.
*Beatriz Nascimento é Presidente Executiva da Brasil Júnior. Graduanda em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).