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Como essa startup está facilitando o acesso de pessoas negativadas a moradias 

Foto: divulgação.

Quem vive em imóvel alugado sabe da burocracia necessária para que a moradia seja liberada por imobiliárias, bancos e seguradoras. E é justamente todo esse processo que impede negativados de conseguirem uma moradia formalmente. 

Pensando nisso, a Alpop, formada por dois grupos empresariais (Caiena e Arap Nishi & Uyeda), permite inserir no mercado formal de locação essa camada extremamente expressiva da população. O Economia SP Drops conversou com Anderson Munhoz, diretor de expansão Alpop, para saber como a fintech opera e como esse modelo de negócio impacta o mercado brasileiro. Confira abaixo:

Como surgiu a ideia de negócio da Alpop?  

Anderson: O Alpop surgiu pela motivação do seu fundador e CEO, Caio Belazzi, em conjunto com seus sócios, em desenvolver uma empresa de impacto social positivo, que fortemente ancorada em dados e tecnologia, teria capacidade de entregar para a sociedade soluções que poderiam colaborar em resolver problemas de extrema relevância social. Entre o final de 2017 e início de 2018, quando as primeiras pesquisas foram realizadas pelo Alpop, notamos que dois pilares fundamentais que eram utilizados pelas instituições financeiras e seguradoras para ancorar as análises de aprovava ou recusava o cadastro de potenciais locatários poderiam estar descalibrados diante da realidade atual de uma fração extremamente relevante da população. Estes dados são: histórico de comportamento de crédito, ou seja, as pessoas estarem ou não negativadas ou com baixo score junto às empresas mais renomadas nesta apuração e fonte de geração de renda e capacidade de pagamento. O fato é que as soluções tradicionais de análise de risco e garantias locatícias têm por prática não aprovar locatários negativados, que não consigam comprovar renda que seja ao menos três vezes superior ao valor do aluguel ou que não tenham cartão de crédito, este fato praticamente exclui do mercado formal de locação 63 milhões de brasileiros negativados, e 40 milhões de profissionais com renda informal, atingindo assim praticamente 50% da população economicamente ativa. Identificando o descompasso entre as soluções existentes e a realidade da população, criamos o Alpop.    

Como a atuação da fintech beneficia seus clientes?

Anderson: A solução é dividida em três pilares fundamentais e que atendem todo o ecossistema (locatários, locadores e imobiliárias). O primeiro é nosso algoritmo próprio de análise, que carinhosamente nomeamos de Tia Odette, que reorganiza os dados coletados no mercado, e que por meio de machine learning tem capacidade de estimar o risco de inadimplência para o produto locação, operando de forma inclusiva e adequada a realidade atual do mercado, e mesmo para clientes negativados e sem comprovação de renda, permitindo o tenham acesso a serviços qualificados de imobiliárias, utilizando seu banco de dados para escolher um imóvel melhor localizado, e que ofereça maior qualidade de vida para sua família. Nosso histórico de aprovações está entre 65% e 70% de todos os cadastros que analisamos, análise esta que leva aproximadamente 3 minutos, sem a necessidade de comprovação de renda ou cartão de crédito. O segundo pilar é a proteção contra inadimplência, que beneficia diretamente locadores e imobiliárias, pois para cada locatário aprovado pelo nosso algoritmo o Alpop protegerá todo o período do contrato contra eventuais momentos de inadimplência, oferecendo assim tranquilidade e previsibilidade para locadores e imobiliárias. O terceiro pilar é a estrutura da nossa área de cobrança, que, sem custo algum para a imobiliária, realizamos todos o processo da gestão financeira do contrato de locação, desde a emissão do boleto mensal até  todos os custos e gestão jurídica para cenários de retomada do imóvel.

De que forma o Alpop atua, na prática, em parceria com as imobiliárias? 

Anderson: Atuamos como uma ferramenta de produtividade para as imobiliárias, sendo uma alternativa aos modelos tradicionais de análise e garantia locatícia, permitindo que elas aprovem mais clientes do que normalmente aprovam, alargando assim o fundo do seu funil de vendas, permitindo desde a expansão das praças de atuação até redução do tempo de vacância dos imóveis em seu portfólio. Adicionalmente, como trazemos para o Alpop toda a gestão financeira da cobrança dos aluguéis, desobstruímos as artérias administrativas das imobiliárias, para que, assim, elas dediquem mais energia nas áreas comerciais e de relacionamento com os clientes. Cada imobiliária habilitada para utilizar a solução é uma empresa engajada em gerar impacto social positivo nas praças em que atuam, ampliando e melhorando o mercado imobiliário da sua região. 

Quais são os planos de expansão?

Anderson: Hoje temos imobiliárias habilitadas e utilizando a solução do Alpop em 13 estados e mais de 45 municípios brasileiros. O ano de 2021 foi marcante nessa evolução. Entramos no Nordeste, no Norte e Minas Gerais, por exemplo. Crescemos 840% em receita. Foram 1.500 famílias impactadas no ano e um crescimento de 1.300% no número de imobiliárias parceiras. Em 2022 seguiremos firmes no plano de crescimento, buscando expandir ainda mais nossa rede de atuação para o maior número de cidades do país, sempre com foco no impacto social. Dentro dessa expansão, o forte potencial imobiliário do interior paulista segue sendo um dos grandes focos.

Quais os impactos que a startup já alcançou?

Anderson: Diria que um dos principais impactos é a desconstrução de paradigmas que o mercado imobiliário carregava. Em cada nova praça que chegamos, cada nova imobiliária parceira que habilitamos, oferecemos uma nova visão sobre os conceitos de risco para inadimplência no aluguel, apresentamos provocações sobre a forma como o mercado acompanhou (ou não) a mudança no perfil de vida das pessoas, e levamos de forma crítica o olhar sobre o tamanho e qualidade do mercado que por décadas tem sido tratado com desinteressante, e que agora conseguimos incluí-lo na esteira de atendimento das imobiliárias.

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