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ChatGPT: como a tecnologia impacta o mercado financeiro?

Foto: divulgação.

Por Marcelo Bissuh, CTO do TC.

Com mais de 100 milhões de usuários mensais ativos em janeiro deste ano, apenas dois meses após seu lançamento, o ChatGPT se tornou o aplicativo de consumo com crescimento mais rápido da história, de acordo com o banco de investimento UBS. Para se ter uma ideia, o TikTok demorou nove meses para atingir os mesmos números. Com todo esse “boom” causado pela ferramenta, há especulação sobre seus riscos e benefícios, e achei fundamental trazer um olhar a respeito dessa tecnologia quando inserida no mercado financeiro.

Destaco que um dos riscos mais consideráveis é solicitar alguma opinião ao ChatGPT, já que, ao contrário do que as pessoas pensam, ele não tem opinião sobre as coisas. A tecnologia é treinada para dizer as respostas “mais aceitáveis” de acordo com o cenário. Quando se trata de não interpretar, mas descrever, ela pode funcionar muito bem e economizar bastante tempo a quem pesquisa. Existem problemas específicos sobre os quais o ChatGPT pode atuar, como: cruzamento de informação, consultas de determinados dados, descrição de mercado, teorias contábeis e outras movimentações de longo prazo.

Para o investidor, a ferramenta ainda não possibilita uma melhor tomada de decisão, por exemplo, mas ela está se democratizando muito rápido. Uma empresa que atua com educação financeira pode montar uma versão própria de ChatGPT especializada em suas linhas de produto. Quando o cliente passa a usar a ferramenta, ela será “treinada” e conseguirá conversar sobre o produto, sem que precise aprender todos os detalhes. O mesmo funcionaria para bancos, aplicativos de carteira, para a declaração de imposto de renda, etc. Isso é o que alguns especialistas chamam de “afinar” a ferramenta.

Porém, é muito importante notar que investir é olhar também para o presente, e o ChatGPT não tem dados atualizados. No próprio site da OpenAI, empresa criadora da ferramenta, eles indicam que os dados dos últimos 2 ou 3 anos não estão no treinamento do modelo.

Tratando-se de automatização de processos e serviços já existentes para o investidor, o mercado financeiro internacional está bem à frente com as possibilidades. Mesmo que a tecnologia ainda seja um embrião se comparado com tudo o que os avanços de inteligência artificial estão entregando, acredito que o ChatGPT, sozinho, facilitará o trabalho de consulta e pesquisa para analistas no mundo inteiro.

Na outra ponta, modelos mais especializados no mercado de investimentos deverão ser desenvolvidos com tecnologias proprietárias dentro de cada instituição financeira, que terá uma atuação mais forte quando falamos sobre estratégias de investimento. Uma instituição financeira poderá criar uma cesta personalizada de acordo com cada cliente, em vez de disponibilizar para ele o mesmo que vende para todos. É um nível de personalização que requer um investimento alto para ser realizado com sucesso e representaria o ápice do que seria ter um assistente virtual de investimento.

Atualmente, esse tipo de benefício é acessível somente a determinado nível de investidores. Porém, mesmo que ainda distante, um dos lados da tecnologia que mais me encanta é o seu papel de democratização por onde passa. É só olhar para o Pix e observar toda a inclusão e bancarização que essa ferramenta possibilitou aos brasileiros de todas as faixas de renda.

A tecnologia aplicada ao setor financeiro de investimentos tem o mesmo papel de aproximar. E, muitas vezes, por uma forma de se comunicar bastante acessível a todos: uma conversa no ChatGPT.

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