Por Fabrizio Postiglione, fundador e CEO da Remederi.
A indústria farmacêutica é um dos segmentos mais poderosos do mundo, já que é a encarregada da produção de medicamentos, responsáveis pela manutenção da saúde de bilhões de pessoas ao redor do planeta. De acordo com dados da consultoria IQVIA, a área somou R$ 88,3 bilhões em vendas em 2021, crescimento de 14,7% em relação ao ano anterior.
É um mercado em constante transformação graças aos seguidos avanços tecnológicos que possibilitam métodos inovadores de tratamento. Além disso, a evolução da indústria farmacêutica e científica permitiu unir tratamentos alopáticos e homeopáticos de acordo com a necessidade do paciente, a fim de oferecer alternativas eficazes e que auxiliem na qualidade de vida.
Por isso, é fundamental que o setor farmacêutico esteja atento aos novos métodos de tratamento da população, como o aumento do uso de medicamentos à base de cannabis medicinal, que hoje auxilia mais de 100 mil pacientes no país, de acordo com dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e tem potencial para atender outras milhões de pessoas.
Atualmente a produção e o cultivo da cannabis são proibidos no Brasil, a atual regulamentação permite apenas a importação desses produtos, ou da matéria prima semi elaborada, por meio de autorizações da Anvisa. Por isso, ainda é um mercado que há muito a ser explorado no país, principalmente considerando que a demanda não atende nem em 50% os pacientes que poderiam ser beneficiados com os produtos, com comprovações científicas de que estão se tornando cada vez mais eficazes.
Com uma visão mercadológica, isso acaba se tornando uma grande oportunidade, pois as companhias podem preencher essas lacunas e se tornarem autoridades no tema. Afinal, a indústria farmacêutica é extremamente dinâmica e a pressão competitiva da entrada da cannabis não precisa ser considerada um potencial prejuízo, e sim a evolução de um setor que já existe e está em constante maturação.
Uma avaliação da Associação Brasileira das Indústrias de Cannabis (Abicann), com base em dados da Euromonitor, aponta que o mercado da cannabis deve ganhar força no Brasil nos próximos anos, com potencial para atrair até US$ 30 bilhões e gerar mais de 300 mil empregos em dez anos.
O segmento de cannabis é novo, por isso as companhias não possuem grandes históricos para podermos compartilhar tendências a longo prazo. Apesar disso, tenho uma perspectiva positiva em relação ao setor, que vem se expandindo e ainda nos encontramos no começo da curva de crescimento. Em linhas gerais, o mercado de cannabis é promissor e, como todo investimento, tem o momento certo para investir, ou seja, analisar os riscos e oportunidades quanto ao cenário econômico do momento.
Entendo que o principal segredo para o sucesso de um investimento é saber identificar as oportunidades de mercado e suas possibilidades de desenvolvimento, além de estar atento às tendências. Afinal, é um processo que precisa ser estudado com base em possibilidades futuras, principalmente nesse setor, em que eu acredito muito, considerando as descobertas da ciência, cada vez mais inovadoras e motivadoras.