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Semana de 4 dias de trabalho mostra impacto positivo na divisão de tarefas domésticas

Foto: divulgação.
Foto: divulgação.

Reino Unido, Espanha, Nova Zelândia, França e Islândia são alguns dos países europeus nos quais um certo número de empresas vem aplicando, desde 2022, a chamada “four-day workweek” (semana de trabalho de quatro dias, em tradução livre). Na maioria delas, não há redução de salário e os colaboradores são divididos em dois turnos: metade trabalha de segunda à quinta-feira, outra metade trabalha de terça à sexta-feira, assim sempre existem colaboradores presencialmente na empresa organizados conforme necessidades dos times.

O maior grupo de estudos sobre a jornada reduzida aconteceu no Reino Unido de julho a dezembro de 2022, organizado pelo grupo 4 Day Week Global, com apoio da consultoria Autonomy e de pesquisadores da Universidade de Boston e da Universidade de Cambridge. Das 61 empresas que aceitaram participar do teste, apenas 3 delas não vão adotar qualquer prática usada durante o estudo. 18 delas já implantaram a semana de trabalho de 4 dias permanentemente e 56 delas apontaram que poderão continuar com práticas semelhantes.

Foram seis meses de estudos, nos quais a produtividade dos colaboradores continuou a mesma, os resultados financeiros foram ainda melhores em comparação ao mesmo período do ano anterior, e o número de demissões voluntárias diminuiu. Além disso, os colaboradores se mostraram mais satisfeitos e, portanto, motivados dentro do ambiente de trabalho. Tais benefícios, mostrados na prática por meio da pesquisa, estão sendo replicados em testes pelo mundo por meio da organização 4 Day Week Global, para incentivar mais empresas a adotarem a jornada de trabalho de 32 horas semanais.

A semana reduzida de trabalho também trouxe benefícios importantes para as famílias britânicas na vida pessoal. Um dos impactos, que não estava previsto desde o início, mas que se mostrou muito relevante, foi a participação dos homens em tarefas domésticas e nos cuidados com os filhos ou os pais. O estudo mostrou que o sexo masculino aumentou em 27% o tempo que passa cuidando dos filhos e 60% de todos os participantes, homens e mulheres, notaram uma melhora significativa no equilíbrio entre as responsabilidades profissionais e as responsabilidades como cuidadores.

Historicamente, as mulheres que estão no mercado de trabalho cumprem “jornada dupla”, ou seja, além do desenvolvimento profissional, são as responsáveis pelo trabalho doméstico não-remunerado, dedicando quase 20 horas por semana para isso, segundo dados do IBGE. Durante a pandemia, 50% das mulheres passaram a ser responsáveis por cuidar de alguém da família, além das pessoas que já estavam sobs seus cuidados.

A discussão sobre o trabalho não-remunerado que as mulheres exercem em casa ganhou outras dimensões, já que a semana de 4 dias de trabalho possibilitou que os homens participassem mais das rotinas domésticas e familiares, ajudando a diminuir a sobrecarga das mulheres e, consequentemente, contribuindo para mais um passo em direção à equidade de gênero. Vale lembrar que ainda estamos diante uma tendência: a pesquisa foi realizada em empresas menores, de até 50 funcionários, mas é um passo para repensarmos a lógica atual do trabalho, em diversos aspectos. Entre as pessoas que participaram do estudo, 15% não voltaria a trabalhar 5 dias por semana por dinheiro algum e 30% delas pediriam um aumento de até 50% para retomar aos hábitos antigos.

Em momentos posteriores a eventos globais de grande impacto, é natural que mudanças de comportamento também aconteçam. Nos Estados Unidos, por exemplo, até os anos 30 era comum as pessoas trabalharem 6 dias por semana. Antes disso, o trabalho infantil também já foi permitido por lei. Vamos repensando hábitos, evoluindo enquanto sociedade e, consequentemente, o mercado de trabalho também vai ganhando novos contornos.

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Co-fundadora do Todas Group

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