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Educação e mundo digital: dificuldades e caminhos para os jovens chegarem no mercado de trabalho

Foto: divulgação.
Foto: divulgação.

Por Marcela Teixeira, co-fundadora da da Apprenty.

O mundo atual é amplamente digitalizado e tal constatação pode ser feita com base em um pequeno aparelho guardado em nosso bolso chamado smartphone. É por meio dele que fazemos chamadas de vídeo, realizamos pagamentos on-line e até mesmo passamos horas assistindo a conteúdos diversos em uma tarde ociosa de domingo. Essa digitalização, acessível às mãos humanas mas também presente nas mais amplas e complexas esferas de tecnologia e infraestrutura do mundo, teve uma aceleração forte em razão da pandemia de Covid-19. O setor de tecnologia, por exemplo, cresceu mais de 60% na taxa de contratação, se feita uma comparação com o período pré-pandêmico. O dado está presente em um estudo recente elaborado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pelo LinkedIn, obtido pela CNN.

Se, por um lado, a digitalização é uma realidade impositiva em nosso mundo atual e já dita os rumos de indústrias ao redor do planeta, ainda há defasagens quando o assunto é a formação de jovens talentos para modelos de trabalho tecnológicos. E boa parte desse problema mundial é uma realidade do Brasil, já que cerca de 24% da população brasileira — parcela representada pelos jovens — corre o risco de ficar à margem do mercado de trabalho, como mostra o recente estudo Futuro do Mundo do Trabalho para as Juventudes Brasileiras.

Entre os principais motivos para o número alarmante estão a crescente digitalização da economia e a flexibilização das relações de trabalho, tudo isso em um cenário que demanda uma formação adequada que atenda às necessidades de nosso mundo contemporâneo. O Brasil atualmente tem uma parcela de jovens talentosos atuando em trabalhos informais, de baixa qualificação e com pouca remuneração. Soma-se ao problema o fato de que 15% dos jovens de 25 a 29 anos estavam “sem trabalho e sem estudo” em uma pesquisa da PNAD Contínua de 2019. O mesmo estudo contabilizou apenas 9% das pessoas da mesma faixa etária “estudando e trabalhando”.

Diversos especialistas no ramo da educação e do mercado defendem a necessidade de ser aplicada com mais vigor no país uma política de profissionalização inicial dos jovens com base no ensino técnico. A medida é interessante porque capacita os estudantes para as oportunidades de acordo com as demandas presentes no mercado de trabalho, bem como abre diversas possibilidades para eles, que podem ir desde a entrada na graduação até o investimento no empreendedorismo. Todo esse processo toma como base o princípio de que é necessária uma formação técnica contínua, tendo em vista que o mundo atual passa por transformações muito rapidamente e é necessário adaptar os jovens sempre que possível para tantas mudanças.

A capacitação de brasileiros nessa faixa etária também toma como norte as mudanças climáticas pelas quais o planeta passa, já que os chamados “empregos verdes” são possibilidades profissionais para agora e também para o futuro, em uma busca constante de diversas indústrias para o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade. Atualmente existem programas de formação profissional de jovens conectados diretamente às empresas e com ciência das necessidades de diversos segmentos corporativos da sociedade. Esse tipo de formação é crucial para capacitar pessoas com base nas demandas atuais, de modo que as companhias consigam contratar com mais facilidade jovens com conhecimento sobre ferramentas e processos tecnológicos. Outra vantagem relevante desses tipos de programas de formação é a diversidade promovida, tendo em vista as dificuldades que muitos jovens têm no momento de buscar trabalho em razão de sua origem social ou étnica.

Ainda há muita coisa para ser melhorada quando o assunto é a capacitação de jovens para um mercado de trabalho cada vez mais tecnológico e competitivo. Porém, se forem adotados corretamente os modelos de formação com foco nas necessidades corporativas que estão postas, certamente os índices nacionais irão melhorar a médio e a longo prazo. Educar jovens para a realidade de hoje e para o futuro é uma necessidade que se impõe desde ontem.

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