Siga nas redes sociais

Search

Por que os 40 não são os novos 30 na era da Gen Ai

Foto: Babuska Fotografia
Foto: Babuska Fotografia

Por Mariana Achutti, CEO e fundadora da SPUTNiK

50% dos colaboradores precisarão de reskilling até 2025. E, nessa fatia, também estarão as gerações “mais novas”. Aliás, o lifelong learning é necessidade recente, dos novos tempos. GenZ e as gerações seguintes são as que mais precisarão estar “em sala de aula” todo dia e para sempre, porque devem vivenciar com ainda mais intensidade o ritmo exponencial da evolução tecnológica.

O percentual que cito aqui é de 2020 (The Future of Jobs Report/Fórum Econômico Mundial). E pode, inclusive, ter aumentado. Afinal, ChatGPT (e agora na versão 4, com 100 trilhões de parâmetros!) está aí pra nos lembrar de que tudo está mudando de forma rápida e profunda. Afora outros tantos “sustos” que temos tomado com AI, né?

Evoluir é bom. Mas algumas mentalidades primitivas precisam evoluir junto.

O episódio de etarismo na universidade de Bauru, que ganhou as manchetes em março, trouxe uma pauta relevante à arena pública. A sociedade tem, sim, falado mais nos últimos anos sobre a discriminação de idade (na SPUTNiK, temos há 8 anos uma jornada de aprendizagem voltada exclusivamente para integração multigeracional, transetarismo e o futuro sem idades). Mas, ainda não a discutimos em um nível que promova a quebra urgente e necessária desse preconceito – inclusive, em nível da linguagem, que é uma das nossas roupagens sociológicas e, por isso, também importante de ser revista.

Portanto, ao falarmos “os 40 são os novos 30”, “os 50 são os novos 40”, e assim por diante, estamos dizendo que a Patrícia Linares, estudante de Biomedicina, só pode estar na faculdade porque as faixas etárias “rejuvenesceram” no mundo contemporâneo. 

Em síntese: é corroborar o padrão obsoleto que dita limites para cada década etária, sob uma cultura jovem-cêntrica. A ideia aqui não é higienizar a comunicação. A linguagem simbólica é bela e inerentemente humana. E claro que essa máxima faz sentido quando se refere a parâmetros de saúde e longevidade (que bom que os 80 sejam os novos 30! Realmente, queremos idosos saudáveis e ativos e livres para fazerem o que quiserem!).

Porém, convido a revisar certas afirmações limitantes que permeiam nosso dia a dia e, por isso, ajudam a reforçar preconceitos.

O relatório do Fórum Econômico Mundial (FEM) aponta o “crescimento da adoção de tecnologia” como o principal motivo da demanda por requalificação. Inclusive, abordamos os desafios de upskilling e reskilling no nosso report de tendências (baixe “O óbvio (re)descoberto” aqui). 

Para abarcar essa necessidade constante por novas habilidades – cada vez mais complexas ou distantes (inclusive, as human skills) – vemos o metaskilling como caminho (neste artigo, aprofundamos).

Ao mesmo tempo, o FEM destaca as duas principais habilidades a serem treinadas nos times nos próximos 5 anos: 

  • Pensamento crítico
  • Solução de problemas 

Em março (e antes do episódio de etarismo em SP), a revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios fez uma reportagem sobre as 10 tendências para o mercado de trabalho em 2023. E recebi o convite para participar. Trago minha fala à PEGN aqui:

Quanto mais as organizações souberem promover o encontro entre veteranos e jovens, mais conseguirão extrair o melhor dos seus times. Para isso, é preciso oferecer ferramentas, para que as diferentes gerações saibam conviver sem conflitos desnecessários.

Ou seja, não há mágica ou atalhos: a experiência é diretamente proporcional ao tempo. Além de não sermos máquinas para absorver teras de big data em poucos segundos, há habilidades que só muitos anos de estrada conseguem entregar.

Esse é um momento rico para refletirmos: por que ainda encaramos de forma tão retrógrada o envelhecer? Além de extremamente nocivo para a vítima da “velhofobia”, é um desperdício do valor imensurável que a experiência e a sabedoria oferecem.

*Mariana Achutti, fundadora e CEO da SPUTNiK, é empreendedora e vem ajudando a provocar mudanças no universo corporativo por meio de uma educação criativa e disruptiva em diversas empresas, como Google, Facebook, Globo, Boticário e Ambev. Mariana atuou durante anos como gestora da Perestroika, escola de atividades criativas destacada como “uma das nove empresas da nova economia brasileira”. Em 2014, intraempreendeu e criou a SPUTNiK, o braço in company da Perestroika.

Compartilhe

Leia também

Receba notícias no seu e-mail