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Depois do quiet quitting, a tendência é o quiet hiring

Foto: divulgação.
Foto: divulgação.

Uma pesquisa recente da consultoria americana Gartner apontou o fenômeno “Quiet Hiring” como uma das principais tendências profissionais para oa próximos anos. Depois do “Quiet Quitting”, no qual muitas pessoas não se demitiram, mas começaram a entregar o mínimo possível em seus empregos e deslocaram a vida profissional para fora do centro de suas rotinas até serem demitidas, o “Quiet Hiring” (contratação silenciosa, em tradução livre) vem para suprir as posições que ficaram vagas diante das mudanças no mercado de trabalho.

No Brasil, de janeiro de 2022 a janeiro de 2023, foram 45 demissões em massa. Segundo o site Layoffs.fyi, 38 empresas de tecnologia demitiram mais de 5,6 mil colaboradores no Brasil, em um ano. No cenário global, foram quase 99 mil pessoas dispensadas só em 2023 – em 2022 esse número bateu a casa dos 150 mil. O Fórum Mundial de Davos de 2023, que aconteceu em janeiro, trouxe para a pauta uma possível recessão durante 2023 – que afetará diretamente a oferta de empregos.

Para preencher todas as vagas deixadas pelos adeptos do “Quiet Quitting” e absorver as demandas impactadas pelos layoffs, as empresas estão buscando colaboradores internos que possam ocupar outras cadeiras, tanto por meio de promoções quanto por mudanças horizontais. As pessoas que ficaram depois de mudanças tão impactantes são selecionados para assumir novas responsabilidades. Este fenômeno, conhecido como “Quiet Hiring”, cresce nos Estados Unidos e logo deve aparecer com força no Brasil.

As pesquisas mostram que a prática da contratação silenciosa vai transformar o mercado. Tendo em vista as previsões pouco otimistas para a economia mundial, os setores atingidos pelos layoffs estão tentando se antecipar, realocar os colaboradores e minimizar os impactos até que o cenário esteja mais favorável. A ideia é que as empresas preencham suas necessidades com recursos que já existem, mapeando os talentos já presentes em seus times.

Cada vez mais as empresas vão buscar por habilidades em vez de competências técnicas – exatamente porque as competências técnicas terão que ser ensinadas e aprendidas diante desse novo cenário. As habilidades de adaptabilidade, liderança, resolutividade, criatividade e pensamento crítico serão cada vez mais valorizadas, já que dominar os aprendizados técnicos de determinado cargo será uma questão resolvida em mudanças de posições.

Diante deste cenário, o autor do best seller “Beyond Happiness” (Além da Felicidade, em tradução livre), Jenn Lim, dá algumas dicas para os funcionários conseguirem navegar bem dentro do fenômeno do “Quiet Hiring”. Essas dicas valem não só para as pessoas que fazem parte do grupo de colaboradores que continuaram em seus empregos pós-layoffs; são recomendações valiosas para o novo mercado profissional que está se formando em 2023:

Seja transparente: Tire todas as suas dúvidas sobre sua nova posição, quais serão as expectativas para este novo cargo, quais responsabilidades você vai carregar do cargo anterior e o que deve ser priorizado, para que você não trabalhe por dois e consiga entregar resultados positivos para a empresa. Transparência é a regra fundamental para que os acordos sejam claros, resultando em cooperação no lugar de cobranças e para que as pessoas se conectem no trabalho.

Procure causar impacto: Impacto tem a ver com objetivos. Se seu trabalho está alinhado com seus objetivos e a direção que a empresa quer tomar, o impacto é uma consequência natural. Cada vez mais, seu tempo é precioso e precisa ser usado como tal, voltado para seu propósito como pessoal e profissional, já que não há mais formas de separar esse papel nós duas atuais. Procure alinhar quais atividades dentro deste novo cargo realmente trazem resultados para o todo: empresa, colegas de trabalho e seu crescimento pessoal.

Busque por progresso e conexão: Os colaboradores serão desafiados a tomar as rédeas de suas carreiras. Em tempos de incertezas, cada vez mais o controle do seu tempo e eleição de prioridades, fará diferença para sua satisfação no trabalho. Tal controle também vai impactar em como você encara seu progresso (sem buscar por perfeição) e como você usa seu tempo para criar conexões reais com seu time, fortalecendo o emocional da equipe para encarar os desafios futuros.

Ainda existe um outro ponto importante a ser destacado: a equidade de gênero. Durante as demissões silenciosas, muitas mulheres escolheram ou precisaram se dedicar mais às tarefas domésticas e pessoais, principalmente no pós-pandemia. Além disso, o site Layoffs.fyi divulgou que a diversidade diminuiu nas empresas que passaram por demissões em massa. Mulheres e pessoas negras ou latinas (no caso de empresas americanas) foram os grupos mais afetados.

Outro estudo, conduzido pela Paychex, constatou que 75% das mulheres das áreas de tecnologia temem ser alvos de demissões. É preciso que as empresas estejam atentas a este tema, para que o progresso dos últimos anos em equidade de gênero não sofra um retrocesso.

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Co-fundadora do Todas Group

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