Por Hugo Godinho, CEO da Dialog.
Uma boa experiência é considerada por 96% dos profissionais como fator relevante para se manter na empresa, segundo uma pesquisa feita pelo LinkedIn. Entretanto, as conversas sobre o assunto geralmente priorizam profissionais administrativos. No meio disso, como fica o público operacional?
Investir em iniciativas que tenham como foco times operacionais é importante para o engajamento desse público e, consequentemente, para uma experiência mais positiva que resulte em melhores resultados e performance.
Uma das maiores consequências da pandemia foi o olhar para o engajamento do colaborador, que passou a ter mais consciência de que faz parte de um todo.
Isso despertou nele a importância de pertencer a um ecossistema e um olhar atento aos impactos de suas experiências na jornada de trabalho.
Houve uma mudança de paradigma. Os motivos que antes eram os responsáveis pela permanência dos colaboradores na empresa, como salários e benefícios, atualmente não exercem tanta influência.
Hoje, o bem-estar físico, emocional, social e profissional têm destaque, assim como segurança e estabilidade. Além disso, ganhou espaço nessa discussão o alinhamento de valores entre colaboradores, organizações e lideranças.
Sendo assim, se as empresas não acompanharem essa tendência a fim de oferecer uma experiência cada vez melhor para o público interno, correm o risco de não conseguir reter os talentos. Para se ter uma ideia, dados divulgados pela Qualtrics em 2022 mostram que quando os colaboradores conseguem equilibrar a vida pessoal e profissional eles se sentem mais motivados a trabalhar.
A pesquisa, realizada na América Latina e no Caribe, apontou que quando esse equilíbrio existe, 77% dos colaboradores se dedicam ao máximo em suas funções. Por outro lado, quando isso não ocorre, apenas 38% dos profissionais se mantêm motivados.
Isso se conecta diretamente ao que chamamos de expectativa vs. experiência. De 2021 para cá, segundo o mesmo estudo, as empresas estão buscando alinhar cada vez mais esses dois conceitos.
Voltando o olhar para o operacional
Não é segredo que esses times não são alcançados com a mesma facilidade que as áreas administrativas. Um dos motivos pode ser o planejamento de estratégias obsoletas que, quando não são construídas sobre a base de “uma só empresa”, fazem com que esse colaborador operacional se sinta ignorado pela liderança e por áreas como RH e Comunicação Interna.
Essa diferença de tratamento, intencional ou não, causa uma experiência negativa aos colaboradores operacionais, podendo levar ao aumento de turnover e a impactos no clima organizacional como um todo.
Outro fator que prejudica a experiência do colaborador é a adoção de ferramentas que não contemplam as necessidades do público operacional necessariamente. Por exemplo: se uma empresa definir que o principal canal de Comunicação Interna é o e-mail, aqueles que não tem nesse canal seu foco de trabalho perderão a chance de participar dessa comunicação.
Isso significa que mesmo contando com murais impressos ou tendo a liderança como replicadora da comunicação, o acesso à informação permanece desigual.
É importante lembrar que a comunicação é parcialmente responsável pela experiência do colaborador, já que a falta de clareza e de alinhamento de informações inviabiliza o sentimento de pertencimento das pessoas, assim como abala a confiança que elas têm na empresa.
Nas empresas, a tecnologia pode e deve ser usada para quebrar as barreiras que separam o escritório da fábrica, do campo, das lojas, das estradas e por aí vai. Cabe à organização encontrar a melhor solução para conectar todos os seus públicos em um único canal.
De acordo com um levantamento feito pela State of the Sector (Gallagher), a experiência do colaborador é formada por diversos fatores como cultura organizacional, comunicação, reconhecimento, prêmios e benefícios, ambiente de trabalho, bem-estar e carreira. Todos esses pontos estão sob a atuação das áreas de Comunicação Interna e RH, ou seja, cabe a esses profissionais enfrentar os desafios da integração.
Para ajudá-los nesse processo, listei 5 dicas. Confira:
1 – Conheça seu público
Você conhece as características do seu público operacional? Sabe quais as necessidades, os desejos e os desafios desses profissionais? Antes de qualquer estratégia de Comunicação Interna, as organizações precisam entender a realidade dessas equipes.
2 – Envolva a liderança
Mesmo com uma boa cultura, um bom clima e uma excelente comunicação, se a relação com a liderança não for positiva, muito dificilmente a experiência do colaborador será. Líderes precisam estar dispostos a estabelecer uma conexão com as pessoas, e a empresa deve capacitar esses gestores para que isso aconteça.
3 – Priorize o propósito
O propósito tem ganhado cada vez mais espaço e importância na experiência do colaborador. Isso significa que, para ter sentido, a Comunicação Interna precisa se aliar ao propósito, conectando-se ao motivo que faz com que as pessoas se sintam parte do todo.
4 – Ofereça uma comunicação democrática
Investir em uma ferramenta que promova a democratização da informação é de extrema importância para a experiência do colaborador operacional. Um aplicativo que sirva como hub da Comunicação Interna, por exemplo, é uma solução criada justamente para atender às diferentes necessidades dos profissionais e integrar todas as equipes em uma única plataforma multicanal.
5 – Use a comunicação para chegar na linha de produção
Uma das principais dores da indústria é não conseguir fazer com que a comunicação chegue ao colaborador que está na linha de produção. Por conta disso, as empresas devem adotar uma estratégia que contemple a rotina do público operacional.
Isso é importante por muitos motivos, pois oferece uma experiência positiva para o colaborador, trabalha o engajamento, fortalece a cultura e melhora o clima organizacional. Um canal digital que funciona via celular, por exemplo, minimiza esse isolamento pela facilidade de adesão, já que as pessoas estão acostumadas com a dinâmica de uma rede social.