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Como o empreendedorismo social está transformando as favelas do RJ

Carlos Carteiro Amigo Economia sP

De acordo com dados do Instituto Data Favela, mais de 2 milhões de pessoas do Rio de Janeiro vivem em comunidades. Com esse número, as favelas cariocas seriam a 7ª maior cidade do país, deixando para trás capitais como Curitiba (PR), Recife (PE), Goiânia (GO), Belém (PA), São Luís (MA), Maceió (AL), Campo Grande (MS), Teresina (PI) e João Pessoa (PB).

Porém, mesmo com todo esse volume populacional, 40% dos moradores de favelas do Rio de Janeiro estão em áreas restritas pelos correios e não podem receber encomendas em razão da ausência de CEP.

Foi para mudar essa realidade que Carlos Pedro da Silva Junior, engenheiro civil e nascido em uma dessas comunidades, criou a Carteiro Amigo Express. Envolvido desde cedo com o empreendedorismo social, o CEO atua para digitalizar as favelas de dentro para fora, transformando a realidade desses moradores.

O Economia SP Drops conversou com Carlos para saber mais dessa atuação e os próximos passos da iniciativa. Confira:

Como surgiu o insight  para a criação do negócio?

Carlos: O Carteiro Amigo surgiu nos anos 2000, com Carlos Pedro, Elaine Silva e Sila Vieira. Eles eram recenseadores do Censo, ou seja, iam de porta em porta fazer as perguntas do censo do IBGE, até que tiveram a ideia de acrescentar duas perguntas. A primeira era se a pessoa recebia cartas em casa, e já sabiam que a pessoa iria dizer não, mas perguntaram mesmo assim para trazer essa problemática. A segunda pergunta foi se a pessoa pagaria uma pequena taxa para receber essas cartas em casa, e 80% dos entrevistados, que eram em torno de 1200 pessoas, falaram que sim. Então, a partir dessas respostas, nasceu o Carteiro Amigo. Os três criadores tinham esse problema de não receber correspondências em casa, e, como tinham a oportunidade de ir na casa de boa parte dos moradores da Rocinha, fizeram essas perguntas e validaram o negócio.

Qual é o balanço da empresa este ano?

Carlos: Neste ano estamos com 5 parceiros estratégicos, que são empresas B2B embarcadoras. Os serviços prestados são coleta das mercadorias dentro da unidade na comunidade, entrega na casa do cliente, serviço de apoio ao cliente (em relação de imprimir uma fatura) e também fazer uma logística reversa para os embarcadores, para as empresas parceiras. Falando um pouco mais de números, estamos em três comunidades, 1500 assinantes e 500 entregas por dia.

Além do Grupo Carteiro Amigo, quais outras iniciativas existem na UPP e como atuam?

Carlos: A gente tem também o Pedrinho Social, nossa associação beneficente, que é nossa ONG, que traz realmente a questão de combate à fome, fazendo a distribuição de produtos não perecíveis e também de documentação, dando a isenção para documentos como casamento, identidade, título de eleitor, etc. Também temos a cooperativa Rocinha Recicla, que ela reintegra ex-dependentes químicos e ex-presidiários, trazendo também o impacto ambiental dentro da Rocinha, tirando 13 toneladas de lixo reciclável das ruas.

Como isso tem transformado a comunidade e o ecossistema da Rocinha?

Carlos: A partir do momento em que as pessoas não conseguem exercer o direito básico de ter um endereço e comprar em canais da internet, a gente consegue trazer dignidade e visibilidade para elas, isso transforma a comunidade. A gente também tem a questão ambiental também, 13 toneladas por mês de lixo reciclável, ressocializando pessoas que são ex-dependentes químicos, ex-presidiários, a gente consegue fazer essa transformação de uma forma muito legal. Com o Pedrinho Social, a gente pode entregar alimentos, diminuir a fome e conseguir trabalhar também muito forte a documentação. Muitos ex-presidiários que saem da cadeia não tem documento nenhum, e tiram todas as documentações com a gente.

Quais as metas do GCA?

Carlos: As metas para o Carteiro Amigo são: chegar a 50 comunidades no Rio de Janeiro, atingir 50 mil pessoas, fazer 1,3 milhão de entregas por mês, ter em torno de 500 entregadores e 250 pessoas trabalhando no administrativo do Carteiro Amigo nas favelas.

Quais os próximos passos da empresa?

Carlos: Os próximos passos são: este ano conseguir chegar a mais 2 novas comunidades, atingir em torno de 2 mil pessoas novas e aumentar nosso quantitativo das entregas para mil entregas diárias. Queremos também iniciar nosso aplicativo, onde possamos soltar nossa fase beta no primeiro trimestre do ano que vem, para alguns moradores avaliarem o app e tentar trazer mais comodidade para os moradores.

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