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No futuro do trabalho, não há espaço para tarefas repetitivas

Foto: divulgação.
Foto: divulgação.

Por Guilherme Pessoa, CEO da Dattos.

O debate sobre a redução da jornada de trabalho ganhou força em 2023 no Brasil e o período de teste para a implementação da semana de quatro dias já começou. No mundo todo, quase 500 companhias testam a nova modalidade, que prevê a adoção de um modelo 100-80-100: profissionais que recebem 100% do salário, trabalham 80% do tempo, mas mantêm 100% da produtividade. 

Com a medida, é esperado que os funcionários tenham uma melhor qualidade de vida, equilibrando a vida profissional e pessoal. Porém, o modelo ‘4-Day Week’, ainda que em expansão, está longe de ser uma realidade para a maioria das empresas e dos trabalhadores. Isso significa que não é possível fomentar esse equilíbrio na jornada tradicional? Obviamente que não. Hoje em dia, uma série de inovações pode – e deve – ser adotada para estimular o bem-estar das equipes. Ao meu ver, uma das principais é a automação. 

É o fim das tarefas repetitivas?

Desde 2011 atuo no setor de finanças e acompanho como o crescimento do volume de dados administrados pelo setor impacta a produtividade das equipes contábeis e financeiras. De acordo com a pesquisa The future of the finance function, o volume de dados está crescendo, pelo menos, 63% ao mês em grandes empresas. Para conseguir cumprir atividades de fechamento financeiro, por exemplo, equipes que dependem de plataformas manuais podem chegar a fazer mais de 2 mil horas extras no mês.

Além do estresse causado pelas horas a mais trabalhadas, o departamento de finanças mexe com dados sensíveis. Uma tarefa repetitiva, feita em más condições, pode expor esse profissional a erros capazes de comprometer a credibilidade da empresa.

Nesse cenário de desafio, a automação surge como oportunidade de melhoria. De acordo com a consultoria Gartner, a expectativa é de que 60% dos processos contábeis rotineiros possam ser automatizados nos próximos anos. Com a mudança, profissionais que antes perdiam horas preciosas de trabalho em atividades estafantes podem ficar responsáveis por aspectos mais estratégicos do trabalho. Ao invés de apenas preparar dados, poderão analisá-los: o que os números mostram sobre o desempenho da empresa? Onde estão os pontos de melhoria do negócio? Onde estamos sendo bem-sucedidos? Perguntas que realmente podem levar a organização a um novo patamar de qualidade e produtividade.

Produtividade: prioridade em todos os modelos de trabalho

Não importa qual a rotina de trabalho em que o profissional está inserido, uma das principais cobranças por parte da gestão sempre será a de produtividade. Porém, para que essa cobrança faça sentido na realidade do colaborador, os gestores precisam adotar medidas que realmente estimulem essa produção.

Diminuição da jornada de trabalho, days-off e afins podem, sim, ser aliadas para promover o bem-estar do funcionário, mantê-lo descansado e atento para desempenhar sua função. Mas proponho outras soluções para alcançar esse objetivo: uma revisão minuciosa dos processos, aliada ao uso de tecnologias para o dia a dia e à capacitação das equipes para o uso dessas funcionalidades. Para isso, algumas ações relevantes são:

  • Avaliar se os colaboradores não estão gastando praticamente todas as horas do dia em atividades repetitivas, processos manuais e funções que podem ser automatizadas;
  • Promover uma visão digital first nos negócios e conscientizar as equipes sobre a importância dessa mentalidade;
  • Escolher cuidadosamente as tecnologias que serão aliadas dos times e fazer acompanhamentos periódicos sobre o sucesso ou não de seus usos. 

De uma forma ou de outra, o futuro do trabalho já chegou. Executivos precisam estar preparados para construir ambientes em que a produtividade das equipes e o bem-estar dos funcionários são imperativos fundamentais.

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