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Investidores de startups não querem correr riscos? 

Foto: divulgação.
Foto: divulgação.

Por Cassio Spina, fundador e presidente da Anjos do Brasil.

É muito comum ouvir de empreendedores que “investidores não querem correr riscos”, como uma crítica por não terem sido escolhidos. Entretanto, investidores em startups sabem que mesmo selecionando os melhores empreendedores e oportunidades, ainda assim provavelmente a maior parte das startups irão fracassar. Assim, é essencial entender que tipo de riscos o investidor quer evitar na categoria específica de negócio de investimento em startups. 

O investimento em startups é sobre investir em negócios de alto potencial e risco elevado de insucesso, ou seja, em que a maior parte das startups investidas irá falhar devido às incertezas intrínsecas. Para compensar esta alta taxa de fracasso, é necessário que as startups sejam bem sucedidas, tenham potencial de crescimento elevado tornando-se grandes negócios, ou seja, idealmente tenham potencial de atingir um faturamento >R$ 100 milhões num horizonte de 5 a 7 anos.  

Com isto o retorno sobre o investimento proporcionado por poucas irá compensar todas as perdas que o investidor tenha nas que não dão certo. Por isto o investidor em startups é tão criterioso em questões como inovação do negócio, escalabilidade, tamanho de mercado e principalmente na demonstração da capacidade de execução dos empreendedores, evitando o “risco” de investir em empresas que, por mais que possa ser bons negócios, não tenham gerem o retorno necessário para compensar os que falham. 

Muitos empreendedores ficam frustrados com estas “exigências”, pois acreditam ter bons negócios e por mais que não seja possível a “certeza absoluta”, mesmo que sua empresa tenha potencial, mas se for insuficiente para o retorno necessário para compensar as perdas do investidor de startups, não serão atrativas para ele. 

Existem formas alternativas para financiamento de empresas tradicionais, como linhas de crédito para capital de giro, para aquisição de máquinas, equipamentos, carros, construção, etc., mas é importante que o empreendedor tenha também alguma capacidade de autofinanciamento, reservando economias para se sustentar durante a fase inicial do negócio até que possa gerar resultados suficientes para manutenção das suas próprias despesas. 

E para startups de alta tecnologia que precisam de capital para Pesquisa e Desenvolvimento, existem fontes de recursos governamentais, como da Finep, BNDES e das Fundações de Pesquisa (Fapes) estaduais, muitos deles inclusive não reembolsáveis ou com uma taxa subsidiada de juros. 

 Encontrar o investidor certo demanda muito trabalho e persistência, pois como apresento no meu livro “Investidor-Anjo”, achar um sócio investidor é como encontrar seu marido ou esposa, não é o primeiro que vai dar match e precisa haver muita sintonia. A resiliência em receber  “nãos” é um fator de seleção natural dos empreendedores que tem maior potencial, mas busque sempre entender por que foi negado, pergunte e peça um feedback, avalie se faz sentido e em caso positivo faça os ajustes que sejam necessários para aumentar as suas chances de sucesso.  

Os investidores não são “donos da verdade”, mas normalmente são profissionais experientes que tem algo a agregar além do seu dinheiro e pode de alguma forma ajudar no seu negócio. Empreender não é simples ou fácil, exige esforço, dedicação e conhecimento, preparação prévia com planejamento mínimo e reserva de recursos. Pense nisto antes de iniciar seu negócio: leia, pesquise, conheça bem seu mercado, seus concorrentes diretos e indiretos e também casos similares ao seu tanto de sucesso quanto de fracasso; de onde se pode extrair as melhores lições para não repetir erros já conhecidos. 

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