Por Cassio Spina, fundador e presidente da Anjos do Brasil.
O cenário dinâmico e competitivo das startups segue em constante evolução, e o ano de 2024 promete ser marcado por três tendências significativas que demonstram o amadurecimento do ecossistema de investimento das empresas nascentes. Essas perspectivas refletem tanto a necessidade de adaptação eficiente e contínua ao ambiente de negócios quanto oportunidades de destaque para o crescimento e o sucesso do setor no país.
Em recente pesquisa conduzida pela Anjos do Brasil, que ouviu 144 investidores de sua base, 61% dos respondentes apostam em parcerias entre startups e grandes players no próximo ano. Ou seja, para essa maioria, as colaborações serão mais frequentes, a fim de estimularem inovações conjuntas.
Por outro lado, somente 6% dos entrevistados acreditam que haverá melhorias no ambiente regulatório de startups, o que intensifica a necessidade de seguir na luta para a criação de um movimento mais forte em relação à promoção de políticas públicas. Mais recentemente, o Projeto de Lei nº 3.922/2023, do senador Carlos Viana, trouxe à tona a importância de dar os primeiros passos. O PL, ainda em tramitação no Congresso Nacional, visa alterar a legislação do Imposto de Renda de pessoas físicas para permitir que o aporte de capital realizado em startups seja deduzido da base de cálculo do IR.
Fato é que evoluções em meio ao cenário em pauta estão por vir. Por isso, exploro mais detalhadamente os três principais temas que figuram nas rodas de conversas de indivíduos ativos e engajados no setor.
1– Open innovation em ascensão
A primeira e talvez mais importante tendência para 2024 é a crescente promessa de colaboração entre startups e grandes empresas. O conceito de open innovation tem se destacado, proporcionando um terreno fértil para troca de ideias, recursos e tecnologias entre empresas de diferentes portes. Parcerias do tipo são benéficas tanto para companhias já consolidadas no mercado como para o crescimento acelerado das startups.
Ao abrir as portas para a inovação externa, as organizações podem acessar tecnologias emergentes, metodologias ágeis e intrigantes mentalidades empreendedoras, enquanto as startups conseguem colher as vantagens da experiência, do alcance e, não menos importante, do capital dessas corporações. A colaboração, portanto, não é apenas uma oportunidade de deslanchar negócios, mas também uma estratégia essencial para a sobrevivência e prosperidade no ecossistema empresarial em constante transformação.
2– Alta no volume de recursos investidos
Embora o início de 2023 tenha sido marcado por um viés negativo no universo das empresas nascentes, devido às incertezas econômicas globais, a segunda tendência para o ano que vem aponta para um aumento notável no volume de recursos investidos. É que os investidores estão percebendo que o ecossistema apresenta sinais de recuperação e, inclusive, está se fortalecendo. As oportunidades já estão atraindo a atenção de fundos de capital de risco, investidores-anjos e até mesmo de grandes empresas à procura de parcerias estratégicas.
Essa perspectiva de crescimento ainda indica uma compreensão mais profunda sobre a natureza cíclica do mercado. As startups inovadoras continuam a oferecer soluções criativas para desafios globais e isso salta aos olhos daqueles que buscam retornos significativos em longo prazo.
3– Boas práticas de governança
A terceira aposta para 2024 vai ao encontro da crescente importância de práticas sólidas de governança corporativa no mundo das startups. Atualmente, os investidores não estão apenas atentos ao potencial de inovação, mas também às práticas transparentes, éticas e eficientes que refletem a boa administração e são determinantes para atrair e manter interesses.
Startups que implementam padrões elevados de governança corporativa demonstram comprometimento com o negócio e, mais do que isso, evitam casos de descontrole, como o qual ocorreu com a WeWork, que teve de pedir recuperação judicial por ter excedido sua sustentabilidade financeira, mesmo com aportes bilionários. Portanto, em um ambiente em que a confiança é um ativo valioso, boas ações de governança se tornam um diferencial competitivo e ainda estabelecem bases sólidas para o crescimento sustentável.