Por Anna Guimarães, presidente do conselho consultivo do 30% Club Brazil.
A busca pela equidade de gênero nos altos escalões corporativos tem se tornado uma pauta cada vez mais urgente em todo o mundo, e o Brasil não está alheio a essa realidade. De acordo com o relatório Boardwomen Index IBrX100, uma iniciativa do 30% Club Brazil realizada pela PwC, em 2019 éramos 8,5% de conselheiras nas maiores empresas do País, e hoje somos 20% nos Conselhos das integrantes do IBrX 100, indicador do desempenho médio das cotações dos 100 ativos de maior negociabilidade e representatividade do mercado de ações brasileiro. O bom desempenho nos coloca em oitava posição entre 21 países que formam os capítulos do 30% Club mundialmente.
Inicialmente, no 30% Club adotamos como lema do crescimento por meio da diversidade. No entanto, o entendimento por parte das companhias é de que diversidade se refere à uma visão mais ampla para a composição do colegiado (experiência no setor, em finanças corporativas, em inovação, em governança, em ESG, IA, etarismo, raça, entre outros). Por isso, passamos a trilhar o caminho para a paridade de gênero.
Os resultados da pesquisa realizada pela Korn Ferry, empresa global de consultoria organizacional, relatam que o principal motivador para as mulheres se manterem e buscarem posições em Conselhos de Administração é a possibilidade de participar de transformações organizacionais que as orgulhariam, revelando a força das transformações em rede. A busca pela equidade de gênero tem uma relevância não só para as companhias, mas para as executivas que fazem parte deste propósito. Cerca de 40% das conselheiras entrevistadas no estudo salientaram que desistiriam da posição se percebessem que suas transformações não têm impacto positivo nas companhias.
Igualmente fundamental nesta trajetória é o apoio que temos recebido de órgãos reguladores e de entidades que estão relacionadas ao mercado de capitais. Além da B3, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), o Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI), o Instituto de Auditoria Independente do Brasil (Ibracon), a Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais do Brasil (Apimec), a Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), a Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) e a Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp) que também têm sido aliados nesta nossa jornada.
Com isso, seguimos fortalecidos e confiantes na nossa meta aspiracional local de atingir 30% de paridade de gênero nos Conselhos das 100 maiores companhias do mercado de capitais até 2026. Acreditamos que a união entre as companhias, academia, mercado, imprensa, profissionais, entidades do mercado de capitais, opinião pública, governos e a própria sociedade, resultará em novas e positivas transformações para que cada vez caminhemos para a paridade de gênero nos Conselhos de Administração, representando a pluralidade presente em nossa sociedade, como fator benéfico a todos nós.