Por Fernando Wolff, CEO e sócio-fundador da Tech4Humans.
Ao longo das últimas décadas, a Inteligência Artificial passou a fazer parte do nosso dia a dia e tem sido um dos temas mais discutidos no mundo corporativo.
Porém, mesmo apesar dos avanços, muitas empresas demonstram ainda resistência às novas tecnologias, o que não se limita apenas à IA, mas também outras inovações que poderiam ser diferenciais competitivos.
De acordo com um relatório recente divulgado pela SoftwareOne, 53% das empresas norte-americanas afirmam que não possuem habilidades adequadas em IA para acompanhar o ritmo acelerado de inovação.
Além disso, o estudo realizado com 500 executivos de TI do Reino Unido, Benelux, América do Norte e Austrália ressalta que essa deficiência em habilidade de IA é um problema global, onde as organizações lutam para equiparar suas equipes com o conhecimento necessário para alavancar novas tecnologias.
No Brasil, o cenário também não é diferente, além de haver uma maior desconfiança do uso da IA. Segundo uma pesquisa do National Research Group, feita a pedido do Google Cloud, os presidentes das empresas brasileiras estão menos engajados na condução de estratégias de IA Generativa em seus negócios do que a média da América Latina e do mundo.
Enquanto a média global é de 46% dos CEOs que tomam a frente para liderar as iniciativas, na América Latina o percentual cai para 44% e no Brasil, apenas 33%. Para entender essa resistência, temos que avaliar o que está em jogo, porque isso acaba impactando diretamente a economia do país.
O fato é que a cultura organizacional desempenha um papel crucial, porque em muitas empresas, principalmente as mais tradicionais, existem estruturas hierárquicas que dificultam a adaptação a novas formas de trabalho e as inovações são vistas como ameaças pela falta de conhecimento e compreensão sobre as tecnologias emergentes.
Um outro gargalo também é o déficit de profissionais qualificados, o que torna ainda mais desafiador implementar novas soluções. Nesse sentido, proporcionar uma formação contínua e o investimento em capacitação são essenciais, mas, por vezes, deixados como última opção em meio às pressões diárias.
Além disso, a questão financeira é um dos fatores determinantes, porque investir em tecnologia requer grandes investimentos e muitos líderes hesitam em alocar os orçamentos para inovações que ainda não apresentam um retorno claro. Em tempos de oscilações da economia global, na maioria das vezes a busca pela sobrevivência é imediata, em detrimento de um crescimento sustentável a longo prazo.
Uma outra vulnerabilidade é a integração das novas tecnologias aos sistemas já existentes, que podem ser incompatíveis com as inovações recentes. E, além disso, muitas organizações entram em um ciclo de tentativa e erro, sem um plano definido ou objetivo claro. Como consequência, isso resulta em frustrações que acabam alimentando a resistência às mudanças.
A meu ver, uma possível solução é investir em uma cultura de inovação, capacitar colaboradores, analisar a viabilidade financeira e criar uma estratégia clara, que são passos essenciais para transportar a resistência em oportunidade.
Em um mundo que está em constante evolução, o futuro pertence às empresas que abraçam às novas tecnologias e as utilizam como aliadas. Os desafios ainda são grandes, mas, as recompensas podem ser ainda maiores, porque a adaptação não se trata apenas de uma mera opção e sim uma necessidade de sobrevivência para se manter competitivo no mercado.