Por Hosana Azevedo, head de Recursos Humanos do Infojobs e porta-voz do Pandapé.
A inteligência artificial (IA) se tornou uma prioridade estratégica para grandes corporações, com 80% delas planejando adotar a tecnologia até 2025, segundo dados da Gartner. Contudo, será que estão verdadeiramente preparadas? Com 85% dos projetos de IA falhando, a questão que se coloca é: o quanto as empresas entendem sobre os desafios dessa transformação?
Embora a IA ofereça benefícios, como automação de processos e análise preditiva, especialistas alertam que muitos desses projetos não alcançam os resultados esperados devido à complexidade de sua integração. Superar essa barreira requer mais que tecnologia de ponta; exige uma abordagem estratégica, com planejamento robusto, desenvolvimento de habilidades e uma cultura organizacional adaptada à inovação contínua.
Os desafios da implementação
Os principais obstáculos incluem a estrutura limitada de dados e a escassez de talentos qualificados. Muitas empresas ainda enfrentam dificuldades para escalar soluções de IA devido à baixa maturidade de governança de dados, levando a implementações inconsistentes e resultados imprecisos.
Além disso, a falta de clareza sobre o uso estratégico dos dados dificulta a tomada de decisões informadas. A tecnologia deve ser vista como uma ferramenta complementar à gestão tradicional, focando não apenas na automação, mas em como melhorar processos de forma eficaz e humanizada.
Cultura organizacional e governança
O desalinhamento entre entusiasmo tecnológico e preparação organizacional é evidente. Muitas corporações estão acelerando seus investimentos em IA, mas sem o suporte adequado em termos de governança e treinamento. Isso cria um ambiente onde a tecnologia é implantada de forma fragmentada, sem se integrar de maneira profunda às operações diárias.
De acordo com uma pesquisa recente da Accenture, 64% das empresas enfrentam dificuldades em adotar inovações, e 78% dos executivos afirmam que as ferramentas evoluem mais rápido que as áreas de capacitação.
A governança ética e responsável também é um tema crítico, principalmente no que diz respeito à privacidade e à transparência. Segundo a Gartner, até 2028, empresas com plataformas de governança de IA reduzirão 40% o número de incidentes éticos.
Transparência, privacidade e alinhamento entre tecnologia e cultura organizacional serão diferenciais essenciais.
O futuro da IA nas empresas
Apesar dos desafios, o mercado global de IA deve chegar a quase US$ 1 trilhão até 2027, segundo a Bain & Co. No Brasil, a corrida pela IA ganha força, impulsionada pela globalização e pela pressão competitiva.
Empresas que já modernizaram seus processos com IA registraram 2,4 vezes mais produtividade e crescimento de receita 2,5 vezes maior, aponta a Accenture, com IA aplicada em áreas como TI (75%), marketing (64%), atendimento ao cliente (59%) e finanças (58%).
A adoção bem-sucedida da IA depende de uma visão equilibrada entre inovação e desenvolvimento organizacional, onde o aprendizado contínuo e a adaptabilidade sejam parte da cultura. Empresas que investem não apenas em tecnologia, mas também na qualificação de suas equipes e na criação de uma governança sólida, estarão mais preparadas para colher os benefícios da IA a longo prazo.
À medida que a corrida pela IA avança, as organizações que souberem equilibrar esses fatores terão mais chances de liderar no mercado do futuro, evitando os erros que levam muitos projetos ao fracasso.