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O impacto dos dispositivos digitais na infância pode ser positivo?

Eduardo Zanini
Foto: divulgação

Por Eduardo Zanini, diretor de produto da Geekie.

De acordo com a pesquisa “TIC Kids Online Brasil 2023”, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), 24% dos entrevistados relataram que começaram a utilizar a internet antes dos seis anos de idade.

Esse tipo de situação tem se tornado mais comum nos últimos anos, evidenciando um dos debates mais relevantes da atualidade: a importância da educação digital para transformar o impacto dos dispositivos digitais em algo positivo.

Quanto mais cedo as crianças têm acesso a smartphones, tablets e computadores, mais elas interagem com esses dispositivos em situações de controle e satisfação imediata. Essas interações podem influenciar o desenvolvimento de habilidades essenciais, como as cognitivas, sociais, emocionais e físicas, moldando as experiências de aprendizado e convivência de maneira significativa.

Já a vida real opera em um ritmo e tempo distintos daqueles proporcionados pelos dispositivos eletrônicos. O uso frequente desses dispositivos oferece uma retribuição imediata e, quando utilizado em excesso, pode promover uma busca constante por essa satisfação instantânea.

No mundo além das telas, onde a criança tem a oportunidade de desenvolver habilidades valiosas de negociação e convivência com familiares e amigos, ela poderá enfrentar desafios na autorregulação emocional, como controlar a ansiedade e lidar com frustrações.

Ademais, o tempo excessivo em aplicativos de entretenimento diminui oportunidades de interação social e de prática de atividades saudáveis, como esportes ou passeios ao ar livre.

Equilibrando o uso de telas no dia a dia

Uma série de entidades relevantes já possuem recomendações sobre um uso saudável de dispositivos digitais. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), por exemplo, defende que as telas sejam evitadas até os dois anos de idade, limitadas a até uma hora por dia para crianças de dois cinco anos e a até duas horas para quem tem entre seis e dez anos (sempre com a supervisão de um responsável).

Além disso, a orientação para o acesso a videogames é de não ultrapassar duas a três horas diárias e que adolescentes nunca “virem a noite” jogando.

Vários especialistas também reforçam que a tecnologia não deve substituir os estímulos fundamentais que a interação social, as brincadeiras, a cultura popular, o movimento e a arte ocupam. As conexões “offline”, especialmente dentro de casa, são absolutamente indispensáveis.

Quando a tela é usada, por exemplo, à mesa de jantar, ou em momentos em que a família poderia estar interagindo com os filhos, é responsabilidade dos responsáveis gerenciar o uso de telas dos filhos.

Dessa forma, uma oportunidade de criação de vínculo e afeto deixa de ser construída. Uma simples brincadeira entre essas pessoas pode ser extremamente mais significativa do que o Wi-Fi.

Importância da educação digital

Podemos construir uma ponte entre o mundo digital e o desenvolvimento saudável das crianças através da educação digital. É uma jornada onde cada criança, com o apoio de educadores e famílias, aprende a navegar com segurança, consciência e criatividade pelos caminhos da tecnologia.

Fingir que a tecnologia não existe definitivamente não é a saída. A própria Organização das Nações Unidas (ONU) já declarou que os direitos das crianças também precisam ser respeitados no ambiente digital, de modo a protegê-las, mas não privá-las, do que esse universo pode oferecer de positivo.

E os benefícios não são poucos. Quando usados de forma equilibrada e com supervisão, os dispositivos eletrônicos podem trazer diversas vantagens, como: o desenvolvimento de habilidades cognitivas com jogos e aplicativos educativos que trabalham o raciocínio lógico, resolução de problemas e a memória; plataformas que proporcionam a aprendizagem de novas línguas; e até as visitas virtuais, que permitem que as crianças cheguem a lugares que talvez não teriam a chance sem esse recurso.

Para alcançar esses benefícios, toda a sociedade, escolas, pais, governo, precisa estar envolvida nessa que é uma das principais discussões da atualidade, e que pode determinar como serão as gerações futuras. Só assim conseguiremos inserir e desenvolver de forma saudável nossas crianças e adolescentes.

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