Por Priscila Damiani, diretora de Recursos Humanos da Biogen.
A felicidade tem se tornado um dos principais pilares nas discussões sobre o futuro do trabalho. Com a crescente conscientização sobre a importância do bem-estar dos colaboradores, empresas ao redor do mundo e no Brasil estão investindo em novos modelos que não só promovem o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, mas também cultivam um ambiente onde a satisfação e a realização pessoal são prioridades.
Uma das tendências mais discutidas é a adoção de uma semana de trabalho de quatro dias. Países como Islândia e Nova Zelândia têm liderado experimentos que mostram resultados promissores. Estudos indicam que a redução das horas de trabalho pode levar a um aumento na produtividade, além de melhorar o bem-estar mental e físico dos colaboradores.
Em 2024, o Brasil foi o primeiro país da América do Sul a realizar um piloto da semana de quatro dias de trabalho, com 19 empresas e 252 colaboradores. Os resultados apontaram 80,7% na melhora da criatividade, 87,4% mais energia para realização de tarefas e 72,8% redução de exaustão frequente por causa do trabalho.
Esses dados são de uma pesquisa realizada pela 4 Day Week Global e Boston College, em parceria com a Reconnect Happiness at Work e a Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (EAESP-FGV)1.
A confiança da liderança desempenha um papel crucial quando se trata de implementar essas mudanças. Iniciativas como o período sabático, adotado por diversas empresas, demonstram como uma pausa estruturada pode fortalecer a relação de confiança entre empregadores e empregados.
Ao permitir que os colaboradores se desconectem e busquem desenvolvimento pessoal, as empresas não apenas promovem o bem-estar, mas também reforçam a coesão e a colaboração nas equipes.
Experiências de colaboradores que participaram de programas de período sabático ilustram o impacto positivo dessas iniciativas. Muitos relataram como essas pausas permitiram a realização de sonhos pessoais, como viagens internacionais e participação em eventos de grande significado, promovendo crescimento pessoal e uma nova perspectiva sobre o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Outros aproveitaram o tempo para desconectar-se completamente, reforçando a confiança nas suas equipes, ao ver o excelente desempenho durante sua ausência, e fortaleceram laços familiares ou dedicaram-se a projetos acadêmicos importantes.
Essas experiências não apenas proporcionaram um descanso revitalizante, mas também reafirmaram o compromisso das empresas com o bem-estar de seus colaboradores, criando um ambiente de trabalho que valoriza o indivíduo em sua totalidade.
Essas histórias ilustram como iniciativas de bem-estar, como o período sabático, podem ser ferramentas poderosas para a retenção de talentos e para a criação de um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo.
Além disso, práticas como Wellness Days, que oferecem dias de folga extras, e Short Fridays, que permitem saídas antecipadas, complementam esses esforços ao promover o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Tudo isso, somado ao treinamento da liderança, é fundamental para o desenvolvimento e acolhimento eficaz dos colaboradores. Líderes bem-preparados conseguem aplicar essas iniciativas de forma eficiente, gerando um ciclo positivo de confiança, satisfação e produtividade.
Estudos reforçam essa correlação: uma pesquisa da Universidade de Oxford mostrou que trabalhadores felizes são 13% mais produtivos, destacando o impacto direto do bem-estar na performance organizacional.
Empresas que investem simultaneamente em programas de bem-estar e no desenvolvimento de suas lideranças mostram um compromisso genuíno com a qualidade de vida dos colaboradores, fortalecendo a cultura organizacional e contribuindo para resultados sustentáveis a longo prazo.
O futuro do trabalho exige coragem para inovar e empatia para entender as verdadeiras necessidades dos colaboradores.