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O que afasta os melhores profissionais não é o salário, é a reputação

Por Marcela Zaidem, fundadora da Cultura na Prática.

Salários competitivos já não garantem a atração dos profissionais mais qualificados. Em um mercado de trabalho marcado por escassez de talentos e pela valorização de critérios como propósito, coerência e cultura organizacional, a reputação da empresa se tornou decisiva. De acordo com o LinkedIn, companhias com marca empregadora sólida reduzem em até 43% os custos com recrutamento e aumentam em 20% a retenção de talentos. Ainda segundo a Glassdoor, 87% dos profissionais consideram a reputação da empresa antes de aceitar uma oferta de trabalho, e 75% se recusariam a atuar em uma organização malvista, mesmo desempregados. Mesmo diante desses números, muitas lideranças seguem tratando marca empregadora como uma tarefa secundária, restrita ao RH ou à comunicação interna.

Assim, delegar a construção da marca empregadora exclusivamente ao RH é um erro estratégico com impactos diretos na competitividade da empresa. Talentos qualificados não buscam apenas benefícios e estabilidade; eles observam os posicionamentos públicos, a coerência entre discurso e prática e, principalmente, o exemplo da liderança. A percepção externa sobre a cultura organizacional se forma a partir de decisões cotidianas, muitas vezes invisíveis ao grande público, mas nítidas para quem acompanha o mercado. Lideranças ausentes desse processo contribuem para um descompasso entre a imagem projetada e a realidade percebida. Como consequência, as empresas se tornam menos atrativas para os profissionais mais preparados, justamente os que poderiam alavancar resultados e cultura.

Se a reputação passou a ser um filtro decisivo na escolha dos profissionais mais criteriosos, é papel da alta liderança assumir a responsabilidade pela construção da marca empregadora. Isso exige presença ativa, decisões coerentes, posicionamentos consistentes e um entendimento claro de que cultura é um ativo estratégico. As empresas que desejam se destacar na atração de talentos precisam tratar a marca empregadora como parte do negócio, e não como uma peça de comunicação. Uma reputação se constrói com exemplo, constância e visão de longo prazo  e o protagonismo precisa vir de cima.

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