Adentrar no mundo dos investimentos financeiros é semelhante a aprender a andar de bicicleta. Na busca pela excelência é quase impossível não cair e se machucar. O importante é compreender que as quedas fazem parte do processo e que não se deve esmorecer-se quando elas ocorrerem. O investidor, assim como o aprendiz na arte de andar sobre duas rodas, deve sempre exercitar a resiliência e a perseverança, para que seja mais fácil levantar e continuar.
A inevitabilidade dos erros e dos fracassos não significa, porém, segundo a educadora financeira Simone Sgarbi, que o investidor deva negligenciar instrumentos de segurança.
“Por exemplo, quando estamos tentando ainda nos equilibrar na bicicleta é recomendável que façamos uso de rodinhas como apoio, até ganharmos mais confiança”.
Segundo ela, no caso de quem começa a investir, os erros de quem venho antes podem funcionar como rodinhas de apoio.
A educadora financeira destaca os 5 deslizes mais comuns entre investidores iniciantes, que devem ser evitados a todo custo, a fim de ter uma trajetória menos pedregosa no universo das aplicações financeiras. Confira:
1. Buscar retorno rápido
O investidor que busca retorno rápido age como se fosse alguém que nunca andou de bicicleta e resolve descer uma ladeira íngreme, que cruza uma avenida movimentada, sem nenhum equipamento de segurança.
É muito pouco provável que resulte em algo benéfico. A probabilidade de rentabilidade e riscos andam juntos, ou seja, é muito difícil obter um retorno rápido e certeiro na renda variável. Desconfie de pessoas do mercado financeiro que prometem isso.
2. Não ter reserva de emergência
Investir sem uma reserva financeira para situações que fujam do controle é como andar de bicicleta em alta velocidade, na contramão, e sem capacete. A pessoa pode até ser experiente, mas ao esquecer das regras e riscos fica mais perto de se acidentar. Quando um investidor, por qualquer razão, precisa de dinheiro rapidamente, mas não se previne, fica à mercê das volatidades do mercado e dificilmente consegue um bom preço pelas suas ações. Assim, não ter reserva é o caminho mais rápido para perder dinheiro.
3. Investir em um só produto
Imagine que você leva uma dúzia de ovos em uma cestinha de bicicleta e que, em um cruzamento, precisa frear bruscamente. Ao olhar para o conteúdo da cestinha vê que todos os ovos estão quebrados. Ao investir em um só produto no mercado financeiro, você corre esse mesmo risco.
O universo das aplicações financeiras é imprevisível. Às vezes o varejo vai bem, às vezes nem tanto, em algumas ocasiões a inflação está alta, em outras a taxa Selic que sobe. Quem poderia imaginar a pandemia, por exemplo?
Desse modo, para se antecipar a imprevistos, evitando perder toda o patrimônio de uma só vez, é imprescindível equilibrar diferentes tipos de investimentos.
4. Desconsiderar impostos e taxas
Se uma pessoa para a bicicleta em um estacionamento e apressada não lê o folheto que o rapaz que toma conta do local entrega a ela, não pode reclamar quando volta e se vê com uma taxa para pagar. Ao não prestar atenção às regras do local, fica-se sujeito a surpresas. O mesmo acontece com investimentos.
Cada corretora tem as suas regras. Algumas instituições cobram taxas, alguns investimentos têm cobrança de imposto de renda regressivas e alguns fundos têm come-cotas. É preciso ficar atento para não lamentar depois. E mais, para ajudar nessa tarefa, desconsidere os valores brutos dos investimentos e sempre calcule o valor líquido.
5. Não ter objetivos claros
Não ter metas bem definidas quando o assunto é investimento financeiro não difere em nada do que pegar uma bicicleta e sair a esmo pela cidade. Uma hora a pessoa percebe que está perdida e é um transtorno voltar para o caminho certo.
Cada aplicação financeira de um investidor precisa corresponder a um objetivo claro, mesmo os de longo prazo, se não ele fica perdido, investindo em um produto de renda fixa que vence em uma década, quando precisa do dinheiro para uma viagem que planeja fazer em 2 anos.
Assim, deixe bem claro: tal investimento é para a aposentadoria daqui a 30 anos, já aquele é para uma reserva de emergência e precisa estar à minha disposição quando eu precisar. Fazendo isso, evita-se o desgaste financeiro e o emocional.