Search

A economia que mais cresce no mundo não é um país, são as mulheres

Foto: divulgação.

Há um mês, a cidade de Davos foi palco do Fórum Econômico Mundial 2024, onde mais de cem líderes políticos e representantes de dezenas de companhias se reúnem todos os anos para discutir perspectivas para os aspectos mais relevantes da sociedade global..

Os principais temas dos encontros foram: “alcance de segurança e cooperação em um mundo dividido”, “criação de crescimento e empregos para uma Nova Era”, “Inteligência Artificial como força motora para a economia e a sociedade” e “estratégia de longo prazo para clima, meio-ambiente e energia”.

Pelos temas, fica claro perceber que, o Fórum Econômico Mundial está focado em entender o que faremos, enquanto sociedade, sobre as questões relativas às mudanças climáticas e à rapidez exponencial que se tornou o avanço tecnológico.

A primeira coisa que notei foi a composição do Conselho de Segurança da reunião anual: 28 pessoas compõem o grupo, entre representantes políticos, CEOs de grandes companhias e presidentes de organizações. Entre elas, 10 são mulheres, ou seja, 36% da liderança. Mulheres que, no entanto, estão à frente de organizações fundamentais como o FMI, o Banco Central Europeu e a Organização de Pesquisa Nuclear da Europa.

Desde 2018, o FEM conta com a World Woman Davos Agenda, momento voltado para discutir pautas de gênero durante o encontro. Elen Clark, a ex-primeira ministra da Nova Zelândia, foi uma das líderes femininas convidadas para tratar dos temas do Fórum sob a perspectiva de gênero. Em relação à IA, um dos assuntos mais quentes em Davos, foram apresentadas algumas conclusões ligadas às mulheres:

  • Mulheres são minoria na coleta de dados – e os dados são masculinos.
  • Não temos dados suficientes para treinar modelos de IA sem viéses.
  • Os problemas de saúde femininos não são prioridade.
  • Em países desenvolvidos, as mulheres ganham 86 centavos para cada dólar ganho pelos homens.
  • A economia que mais cresce não é um país, são as mulheres.

O relatório Desigualdade S.A, divulgado pela Oxfam durante o FEM, mostrou que o patrimônio das cinco pessoas mais ricas do mundo (homens) aumentou 114% desde 2020. No mesmo período, 5 bilhões de pessoas, que compõe o grupo dos mais pobres, viram sua renda piorar ainda mais. O patrimônio dos bilionários cresceu três vezes mais do que a inflação mundial nos últimos três anos. O 1% mais rico do mundo detém 43% de toda a riqueza global.

Um trecho do relatório diz: “Em termos globais, os homens possuem 105 trilhões de dólares em patrimônio a mais do que as mulheres – a diferença é equivalente a mais de quatro vezes a economia dos Estados Unidos”. Outro dado do relatório mostra que mais de 75% do trabalho de cuidado não remunerado em todo o mundo é feito pelas mulheres, o que representa três vezes o tamanho da indústria global de tecnologia.

Ainda assim, as mulheres são a parcela da economia que mais cresce no mundo, ultrapassando países desenvolvidos e superpotências tecnológicas. Trago todos os esses dados para afirmar o que vejo todos os dias, no meu trabalho e vida pessoal: a potência das mulheres. As previsões do FEM para a economia mundial foram um pouco mais otimistas do que na última reunião, mas mais pessimistas em relação às mudanças climáticas.

Desde 2021, na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP26), realizada em Glasgow, na Escócia, o presidente do evento, Alok Sharma, pontuou em seu discurso de abertura que as mulheres correspondem a 80% das pessoas afetadas por desastres e mudanças climáticas. Além disso, de acordo com o FEM, abrir mão dos investimentos para alcançar a paridade de gênero pode custar até US$ 3 trilhões para a economia, apenas nos Estados Unidos.

Investir na potência de crescimento, superação e geração de riquezas em busca da equidade de gênero deve desbloquear até US$ 172 milhões para a economia global – valor que poderá ser aplicado solucionar os principais problemas discutidos no Fórum Econômico Mundial, gerado a partir da valorização da economia que mais cresce mundialmente: a contribuição das mulheres.

Compartilhe

Co-fundadora do Todas Group

Leia também