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Com dados, menos não é mais

Foto: divulgação

Por Eduardo Conesa, co-CEO e co-fundador do Agnostic Data.

Quando se trata de dados, a ideia de que dois bons dados podem ser mais valiosos do que milhares de informações aparentemente caóticas não só é uma falácia, mas uma prisão mental que impede o real poder desses números. O valor dos dados não está na quantidade aparente, mas na capacidade de explorá-los e descobrir conexões e insights que poderiam transformar uma empresa, setor ou até mesmo o mundo.

No universo digital contemporâneo, os dados são vistos como o combustível das organizações. Eles são a base para decisões estratégicas, inovações e diferenciais competitivos. No entanto, há um conceito errôneo circulando, especialmente entre startups e empresas de pequeno porte, que pode ser prejudicial para o crescimento e inovação: a ideia de que menos dados é mais.

A expressão “poucos bons dados são melhores que um punhado de informações difíceis de interpretar” soa tentadora. Parece prática, ágil, simples. No entanto, ela é perigosa porque ignora a capacidade dos dados em totalidade. Eles não são apenas números frios; são pistas para histórias ainda não contadas e oportunidades escondidas.

A questão não está na quantidade, mas na abordagem e nas ferramentas necessárias para transformá-los em inteligência estratégica. Um bom exemplo vem de um dos maiores players do mercado global: o Walmart. Com mais de 2,5 petabytes de dados processados todos os dias, a gigante do varejo não limita a análise aos “dados fáceis de interpretar”. Pelo contrário, ela explora um vasto mar de informações para descobrir padrões que possibilitam a otimização de estoques, a previsão de demandas sazonais e até a detecção de fraudes.

A mentalidade de dados como oportunidades

Esse exemplo é um reflexo claro de como os dados podem, sim, ser complexos, mas também incrivelmente poderosos quando analisados de forma holística. A mentalidade de que apenas “bons dados” têm valor cria uma barreira mental que limita a capacidade de inovação. Em vez de buscar apenas o que é fácil e claro, as corporações precisam ser ousadas na exploração de informações que, à primeira vista, parecem irrelevantes.

A questão central não é se os dados são bons ou ruins, mas como eles são analisados e utilizados. O verdadeiro valor se encontra na análise em larga escala e de maneira assertiva, na exploração do que está além do óbvio e no cruzamento de variáveis que podem gerar processos inovadores.

A verdadeira revolução: dados como ativos estratégicos

A verdadeira revolução no uso de dados está em criar uma infraestrutura capaz de integrar, organizar e interpretar dados de forma estratégica. No mundo dos negócios, quem tem coragem de explorar mais, de buscar o que ultrapassa a superfície, terá uma vantagem competitiva imensa. Identificando padrões, as empresa podem transformar a maneira como operam, se relacionam com clientes e se posicionam no mercado.

Seja em companhias globais ou startups, o potencial de transformação é imenso. O desafio está em como abordar esse recurso valioso: ao invés de reduzir o escopo da análise para apenas o que parece imediato, deve-se examinar o máximo possível de informações, confiando no poder da combinação entre a máquina e a inteligência humana para revelar conclusões ainda não percebidas e que podem ser decisivas para o sucesso.

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